Fotografia em todas as declinações é destaque em feiras, salões e mostras em Paris
A imagem domina o cenário cultural de Paris neste mês de novembro. O carro-chefe é Paris Photo, maior feira internacional de fotografia, juntando galerias e editoras especializadas do mundo todo. Outros festivais, feiras e manifestações em torno da foto animam o começo do inverno europeu na capital francesa.
Patrícia Moribe, de Paris
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Depois de ser palco privilegiado da esgrima nos Jogos Olímpicos Paris 2024, o Grand Palais recebe agora a 27ª edição da feira Paris Photo, que vai de 7 a 10 de novembro. São 240 expositores de 24 países.
"Paris Photo é extremamente importante para o mercado de fotografia, porque num curto espaço de tempo essa feira consegue juntar colecionadores, artistas, curadores e o público em geral de todos os lugares do mundo", explica a curadora brasileira Ioana Mello, baseada em Paris. "Tem gente de instituições, de fundações, de museus, de associações, de galerias. Durante esse período, todo o mercado está junto, dialogando com as obras ali. Então, é um momento extremamente importante para conexões, para ver o que está acontecendo, para falar com pessoas de difícil acesso. É um momento de muita efervescência. Há outros salões, feiras de fotolivros, exposições, percursos de fotografia pela cidade e muitas, muitas aberturas de exposições", explica a curadora.
A única galeria brasileira no Paris Photo é a Galeria Vermelho, de São Paulo, que traz obras de Claudia Andujar, artista suíça que foi para o Brasil nos anos 1950 e desenvolveu um trabalho engajado junto aos Yanomami na Amazônia. "Ela teve uma exposição muito importante no Instituto Moreira Salles, que passou a viajar e foi exposta em Paris na Fundação Cartier. Então achamos que seria um bom momento de trazer o seu trabalho para a feira", explica Juan Eyheremendy, da Galeria Vermelho.
A artista paulista Lívia Melzi participa pela primeira vez na Paris Photo com uma exposição solo, representada pela Salon H. Também é possível encontrar obras de outros brasileiros, como Miguel Rio Branco e Caio Reisewitz.
O Grand Palais reserva ainda espaço para editoras e palestras com profissionais.
Fotolivros
A quinze minutos a pé do Grand Palais, atravessando o Sena, chegamos ao Polycopies, instalado em uma embarcação. Durante alguns dias, o espaço se transforma em uma imensa livraria efêmera dedicada à edição fotográfica, principalmente independente, com mais de cem expositores da França e do exterior.
Editores e artistas trocam ideias com o público e colecionadores, que também podem assistir a mesas redondas, sessões de autógrafos e palestras, com entrada gratuita.
Foto documental
Mais uma caminhada e o chegamos ao salão Photo doc, instalado este ano no Hôtel de l'Industrie, perto da igreja de Saint-Germain. "Nosso objetivo é promover e defender a fotografia documental e as novas linguagens visuais, especialmente no campo da fotografia documental, que representa um novo espaço de expressão da fotografia", explica Valentin Bardawil, cofundador do Photo Doc e do Observatório das novas Escritas da Fotografia Documental. Este ano, o salão destacou os trabalhos de Carole Bellaïche, Morvarid K, Nathalie Lescuyer, Ingeborg Everaerd e Flavio Tarquinio.
"Também realizamos simpósios com pesquisadores, temos um espaço voltado para pesquisa e, no dia 30 de novembro, faremos uma apresentação de teatro documental, que você pode conferir no nosso site. É algo muito inovador, com fotógrafos e atores no palco. Bem, na verdade, não exatamente os fotógrafos, mas as fotos e os atores. Trabalhamos com as imagens e estamos realmente inventando e abrindo novas possibilidades", explica Bardawil.
Brasis
A carioca Ioana Mello é curadora de duas exposições que acontecem às margens de Paris Photo. "A Terra é Roxa Mas Também Vermelha", do artista visual brasileiro Shinji Nagabe, que vive em Madri, e "Au Coeur de (la) Patria", de Oleñka Carrasco, artista venezuelana baseada em Paris, com co-curadoria de Emmanuelle Hakim.
Em outro evento paralelo a Paris Photo, o espaço Gaîté Lyrique apresenta a exposição "Trans*Galactique", que celebra a visão plural e emancipadora de gênero. Quinze artistas exploram através da fotografia e vídeo maneiras alternativas, resistentes, queer e ecológicas de relação com o mundo. Masina Pinheiro e Gal Cipreste, do Rio de Janeiro, apresentam uma videoinstalação que dialoga com traumas e superações. Também participa da exposição coletiva a artista sul-africana Zanele Muholi, atualmente em cartaz no Instituto Moreira Salles de São Paulo.