Premiê Shigeru Ishiba é reeleito e vai gerenciar falta de maioria no Parlamento japonês

O primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, foi reeleito nesta segunda-feira (11) para o cargo após um voto do Parlamento, mas em seu novo mandato, estará no comando de um governo minoritário após as eleições legislativas de outubro, que foram desastrosas para sua legenda, o Partido Liberal Democrata (PLD).

Diante do cenário de desacordo entre as siglas, pela primeira vez em 30 anos foi necessário um segundo turno de votação no Parlamento para confirmar a reeleição do premiê. Ishiba recebeu 221 votos a favor, contra 160 para seu rival Yoshihiko Noda, líder da oposição.

No mês passado, o partido de Ishiba perdeu a maioria absoluta na Câmara Baixa ? como é chamada a câmara dos deputados do Japão ? em eleições antecipadas pela primeira vez desde 2012.

Por conta disso, a tendência é que ele tenha dificuldades em levar adiante suas reformas econômicas e sociais, o que coloca o país em um período de instabilidade política, semelhante ao que acontece atualmente na Alemanha, com o governo do chanceler Olaf Scholz.

Instabilidade entre os aliados

Para tentar fazer frente a uma oposição fortalecida no Parlamento, o primeiro-ministro deverá se aliar a dois partidos menores: o Komei, de centro-direita, e o Partido Democrático Popular (PDP), que diz estar preparado para oferecer apoio condicional sem entrar em uma coalizão formal.

No entanto, há incompatibilidades entre as duas legendas. O PDP exige do governo um corte no imposto sobre o consumo para restaurar o poder de compra dos japoneses.

O Komei, por sua vez, quer aumentar impostos para conter uma dívida pública que representa 250% do PIB e ameaça aprovar uma moção de desconfiança, pressionando Shigeru Ishiba a renunciar.

O primeiro-ministro também tem muitos inimigos dentro de seu próprio partido, que domina a política japonesa há décadas, desde 1955. Eles não o perdoam por ter assumido o risco de eleições antecipadas dez dias depois de chegar ao poder.

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Shigeru Ishiba havia subestimado a insatisfação do povo japonês em relação a seu partido, enfraquecido por um escândalo de fundos secretos e suas ligações com a Igreja da Unificação ou seita Moon.

Com um governo fragilizado, Shigeru Ishiba também poderá ter dificuldades para resistir às exigências de seu aliado e protetor americano com o retorno de Donald Trump à Casa Branca.

(Com agências)

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