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Herdeiro do clã Kennedy, futuro secretário da Saúde de Trump disse que vacina contra covid causava 'autismo'

15/11/2024 11h42

Apesar de ser um ex-advogado ambiental respeitado, Robert F. Kennedy Jr. também é conhecido por propagar teorias da conspiração, principalmente sobre vacinas contra a Covid-19. Durante a pandemia, ele culpou erroneamente as vacinas pelo autismo. As ações dos principais grupos farmacêuticos especializados em vacinas, na Europa e nos EUA, caíram no mercado nesta sexta-feira (15), devido à sua nomeação para o Departamento de Saúde norte-americano.

Sob sua liderança, o departamento, que tem status ministério "desempenhará um papel importante para garantir que todos estejam protegidos dos produtos químicos perigosos, poluentes, pesticidas, produtos farmacêuticos e aditivos alimentares que contribuíram para a enorme crise de saúde neste país", escreveu Trump em uma declaração em sua rede social Truth.

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O sobrinho do presidente assassinado John F. Kennedy, um advogado de direito ambiental sem formação científica, renunciou em agosto como candidato independente à presidência para apoiar o magnata.

Flúor, autismo e vermes no cérebro

Ele propagou teorias da conspiração, especialmente sobre vacinas contra a Covid-19, e alertou, durante a campanha, que recomendará a eliminação do flúor do abastecimento de água. Essa medida, destinada a prevenir a cárie dentária, é considerada pela comunidade médica como uma grande conquista para a saúde.

No passado, Robert F. Kennedy Jr. culpou erroneamente as vacinas pelo autismo. Ele se opôs às restrições impostas em todo o país durante a pandemia, durante a qual foi acusado de divulgar informações errôneas sobre o vírus.

Esse personagem pitoresco contou, durante a campanha, várias histórias estranhas, como a de que sofre com um verme parasita no cérebro.

Ações de farmacêuticas despencam nas bolsas mundiais

Como consequência, as ações dos principais grupos farmacêuticos especializados em vacinas, na Europa e nos Estados Unidos, caíram nesta sexta-feira, devido à nomeação de Robert F. Kennedy Jr. para o Departamento de Saúde dos EUA.

Por volta do meio-dia (7h em Brasília), a Sanofi da França caía 2,82% na Bolsa de Valores de Paris e a Valneva franco-austríaca caía 5,64%, em um mercado com queda de 0,16%. Na Bolsa de Valores de Londres, a Astrazeneca perdeu 2,47% e a GSK 3,07%, em um mercado estável.

Em Wall Street, na quinta-feira, a Pfizer encerrou em queda de 2,62% e a Moderna, de 5,62%. A Johnson & Johnson (J&J) fechou em queda de 0,89% e a Merck perdeu 0,14%.

O grupo farmacêutico dinamarquês Novo Nordisk, que fabrica tratamentos para diabetes e obesidade, como o Ozempic/Wegovy, despencou 4,25% em Copenhague, nesta sexta-feira.

"Maior erro"

Com as nomeações, o presidente eleito de 78 anos está se esforçando para evitar o que ele chamou de "maior erro" de seu primeiro mandato. "Escolhi algumas pessoas que não deveria ter escolhido", disse ele em um podcast no final de outubro com Joe Rogan.

"As escolhas de Trump respondem a dois critérios: lealdade e desunião", disse à AFP Todd Belt, professor de ciências políticas da Universidade George Washington.

Ele quer se cercar de aliados que "não perderão tempo dizendo o que ele não pode fazer", acrescenta.

Trump ainda não anunciou as nomeações há muito esperadas, como a de secretário do Tesouro, chefe de comércio exterior e porta-voz da Casa Branca.

O senador democrata John Fetterman resumiu o sentimento de seu partido, que ainda está se recuperando da vitória esmagadora dos republicanos na eleição presidencial.

Relações sexuais com uma garota menor de idade

Em entrevista à NBC, Fetterman afirmou que a enxurrada de nomeações nos últimos dias foi uma "trolagem competitiva" para irritar os "progressistas".

Trump, que assume o cargo em 20 de janeiro, provocou um terremoto político na quarta-feira com suas escolhas para chefiar a inteligência e o Departamento de Justiça.

A futura chefe dos principais serviços de inteligência do mundo, Tulsi Gabbard, é uma desertora do Partido Democrata conhecida por suas posições pró-Rússia.

Se confirmado pelo Senado, o Departamento de Justiça estará nas mãos de um trumpista muito polêmico: Matt Gaetz. O congressista foi acusado de manter relações sexuais com uma garota menor de idade.

Gaetz, que não tem experiência judicial, "deve ser a pior nomeação de secretário na história americana", disse o ex-conselheiro de segurança nacional de Donald Trump, John Bolton, na NBC.

Militares "muito progressistas"

Donald Trump, com exceção de uma visita turbulenta a Washington na quarta-feira, tem se mantido isolado em sua residência na Flórida desde sua vitória. De acordo com a imprensa, ele escolhe seus tenentes assistindo às aparições dos candidatos na televisão.

O primeiro mandato do republicano, entre 2017 e 2021, foi uma sucessão de demissões espetaculares.

Desta vez, o 45º e em breve 47º presidente dos Estados Unidos está privilegiando personalidades que às vezes não têm experiência no aparelho de Estado, mas que lhe foram incondicionalmente leais.

Como Elon Musk, que está partindo em uma missão para cortar gastos públicos e desregulamentar. Em sua rede social X, o homem mais rico do mundo disse que convidou pessoas com QI "alto" e "dispostas a trabalhar mais de 80 horas por semana em tarefas ingratas de redução de gastos públicos" a enviar um currículo.

O magnata, ex-apresentador de reality show e grande consumidor de televisão, está interessado na aparência física das pessoas ao seu redor. Para chefiar o Pentágono, Donald Trump escolheu até mesmo um apresentador da Fox News, Pete Hegseth, que considera os militares "muito progressistas".

O futuro presidente fez algumas escolhas que contrastam com essa busca por lealdade absoluta, como o senador da Flórida Marco Rubio, seu futuro chefe diplomático. Com ele, deixou de manter relações conflitantes do passado para se tornar um grande aliado.

(Com AFP)

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