Macron defende aproximação com Chile e volta a citar que acordos devem considerar "ambições climáticas"
O presidente francês, Emmanuel Macron, se reuniu nesta quarta-feira (20) com o presidente chileno, Gabriel Boric, em Santiago, na última etapa de sua viagem à América Latina. Macron saudou acordo comercial "respeitoso" assinado com este país, no momento em que se opõem ao acordo de livre comércio com os vizinhos, no Mercosul.
O tratado entre a União Europeia e o Chile é "um bom acordo" que deve "inspirar" outros, "porque faz parte desta nova geração que respeita os interesses de ambos os lados", defendeu o presidente francês. "Este acordo comercial é consistente com as nossas ambições climáticas e de biodiversidade", completou Macron.
Relacionadas
Gabriel Boric também disse estar "orgulhoso do tratado".
Emmanuel Macron passou recentemente por Buenos Aires e o Rio de Janeiro para encontros com os pesos pesados do Mercosul. O Chile não faz parte desse bloco regional.
O chefe de Estado francês desembarcou em Santiago durante a noite vindo do Rio de Janeiro, onde participou da Cúpula do G20, e depois de uma primeira escala na Argentina do ultraliberal Javier Milei.
"Enquanto outros países optam pelo negacionismo, o Chile escolhe o multilateralismo", disse Gabriel Boric, num ataque ao seu homólogo argentino.
França e Chile assinaram um acordo para criar um centro franco-chileno dedicado à inteligência artificial.
Antes de se reunir com investidores chilenos, Macron disse ainda esperar que a França seja um "parceiro" do Chile "em matéria de extração e valorização de lítio" e de "cobre", para "fazer face às necessidades em termos de urânio".
Contexto tenso na França
A viagem acontece no momento em que os agricultores franceses relançam a sua mobilização, menos de um ano depois de manifestações históricas contra o acordo de livre comércio da UE com o Mercosul. Pressionada por países como a Alemanha e a Espanha, a UE parecia determinada a assinar o acordo antes do final do ano.
Na opinião dos agricultores, este texto levaria a uma concorrência desleal, com um aumento de carne argentina ou brasileira não sujeita às rigorosas normas sanitárias e ambientais da União Europeia.
A classe política francesa, em rara unanimidade, apoia esta oposição e Emmanuel Macron tem insistido ao longo da sua viagem que recusa o acordo "tal como está". Ele também acredita ter encontrado um aliado neste assunto no chefe de Estado argentino, Javier Milei.
Emmanuel Macron também se reunirá com o cardeal Fernando Chomali, arcebispo de Santiago, "para não esquecer o papel da Igreja chilena na proteção dos opositores durante a ditadura militar" de Augusto Pinochet (1973-1990), segundo o Eliseu.
Desde a sua primeira eleição, há sete anos, o presidente francês raramente visitou a América do Sul.
No G20, ele também teve encontros com a nova presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, e com o colombiano, Gustavo Petro.
Na quinta-feira (21), Emnanuel Macron e Gabriel Boric deverão ir ao quebra-gelo da Marinha do Chile "Almirante Viel". Juntos, irão lançar o "Apelo de Valparaíso" para "preparar a Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos", marcada para junho em Nice, no sudeste da França.
(Com AFP)