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Após dificuldades em negociações de Baku, Marina Silva faz apelo à solidariedade entre países para COP30

23/11/2024 16h17

A ministra do Meio Ambiente Marina Silva disse que a 30° Conferência do Clima da ONU, a COP30, que será realizada em 2025, em Belém, no Brasil, deve ser um exemplo de cooperação reforçada e fez um apelo à solidariedade entre países, durante a sessão plenária de encerramento da COP29, em Baku, no Azerbaijão, neste sábado (23). O último dia da conferência foi marcado pelo abandono das negociações pelos representantes do grupo dos países menos desenvolvidos e da Aliança de Pequenos Estados Insulares, pela falta de consenso e por denúncias envolvendo a Arábia Saudita.

Depois das dificuldades das negociações pelo financiamento do clima em Baku, as expectativas se voltam para Belém. "É com grande senso de responsabilidade e ciente do enorme desafio coletivo que nos está sendo entregue que o Brasil recebe do Azerbaijão a presidência designada da Conferência das Partes", reconheceu a ministra. "Sabemos como chegamos até aqui e sabemos os desafios que estão postos aqui para cada um de nós", disse.

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Marina Silva afirmou que o objetivo central do Brasil é de apresentar, até a COP30, NDCs (contribuições nacionalmente determinadas) suficientemente ambiciosas para alcançar a "missão 1.5", o conjunto de medidas necessárias para manter o aquecimento global abaixo de 1,5°C.

A ministra também fez um apelo à responsabilidade e à solidariedade entre os países. "É realmente um grande desafio que só poderemos alcançar com o esforço e a colaboração de cada um de nós aqui representado. Mas para que isso aconteça é fundamental, sobretudo após a difícil experiência que tivemos, que estamos tendo aqui em Baku, para chegar a algum resultado que seja minimamente aceitável para todos nós, diante da emergência que estamos vivendo, é fundamental que, antes de chegarmos à COP30, possamos fazer um alinhamento interno entre e dentro de nossos países e entre cada um de nós", disse.

"A revitalização do que hoje está ficando cada vez mais rarefeito, que é o sentido de solidariedade, do qual parece que a cada dia estamos nos afastando, é outro alinhamento que precisamos fazer", acrescentou. "Só assim conseguiremos cumprir no Brasil a missão mais importante que a humanidade nos delega a cada ano e espera que tenhamos a capacidade de cumprir."

Depois de mais de 24 horas de atraso, a sessão de encerramento da COP29 começou finalmente na noite de sábado, com um apelo do presidente da conferência, Mukhtar Babaev, para que os países superassem suas "divisões".

Momentos antes, delegados das 45 nações mais pobres do planeta, principalmente africanos, e de cerca de 40 pequenos estados insulares, que são os mais vulneráveis ??às mudanças climáticas, abandonaram uma reunião com a presidência da COP, alegando que não tinham sido ouvidos sobre suas necessidades financeiras e prometendo continuar a lutar.

A origem da indignação está no projeto de texto final sobre financiamento climático, apresentado no sábado a portas fechadas pelos organizadores da COP29 aos países.

Mas as negociações prosseguem no Azerbaijão. Os Estados insulares "continuam comprometidos com este processo, estamos aqui com um espírito de fé no multilateralismo", declarou o samoano Cedric Schuster em nome dos Estados insulares do Pacífico, do Caribe e da África.

Ninguém desistiu de um acordo, mas a confusão reinava no início da noite no estádio que acolhe a cúpula, e o texto financeiro ainda havia sido publicado.

"Estou triste, cansado, desmoralizado, com fome, com sono, mas mantenho um pingo de otimismo porque isto não pode se tornar outra Copenhague, precisamos de um acordo", disse Juan Carlos Monterrey Gomez, negociador do Panamá, se referindo à COP15, na Dinamarca, em 2009, que terminou em fiasco.

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Projeto de acordo

No rascunho de acordo final divulgado na sexta-feira (22), os países ocidentais (Europa, Estados Unidos, Canadá, Austrália, Japão, Nova Zelândia) haviam se comprometido a aumentar seu compromisso de financiamento a U$ 250 bilhões por ano aos países em desenvolvimento, que esperavam contribuições de US$ 1,3 trilhão. As ajudas dos países mais ricos aos mais pobres foi o ponto mais debatido desta cúpula.

Os países ocidentais pedem há meses a ampliação da lista da ONU, estabelecida em 1992, de estados responsáveis pelo financiamento climático, alegando que China, Singapura e os países do Golfo se tornaram, desde então, mais ricos. Mas estes Estados conseguiram que no texto mais recente suas contribuições financeiras permaneçam "voluntárias".

A Arábia Saudita e os seus aliados foram acusados de bloquear todos os pontos do acordo final da COP29 que têm como alvo os combustíveis fósseis. De acordo com o jornal britânico The Guardian deste sábado, o país teria alterado trechos do texto oficial.

"Houve um esforço extraordinário dos sauditas para que não obtivéssemos nada", acusa um negociador europeu.

"Não permitiremos que os mais vulneráveis, em particular os pequenos Estados insulares, sejam defraudados pelos poucos novos países ricos em combustíveis fósseis que infelizmente contam com o apoio da presidência" do Azerbaijão, denunciou a ministra alemã das Relações Exteriores Annalena Baerbock, sem citar países.

Mais de 350 ONGs fizeram um apelo na manhã de sábado aos países em desenvolvimento para que abandonassem a mesa de negociações, dizendo que era melhor "não ter acordo do que ter um mau acordo".

Os negociadores e ONGs também criticam a gestão da conferência pelo Azerbaijão, que nunca tinha organizado um evento tão global. A COP ocorreu em um clima pesado. O presidente Ilham Aliyev atacou a França, aliada de sua inimiga Armênia. Os dois países convocaram os seus respectivos embaixadores. Além disso, vários ativistas ambientais do Azerbaijão foram detidos.

(RFI e AFP)

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