Milhares se manifestam na França para exigir ações contra violência feita às mulheres

As manifestações deste sábado (23), que reuniram milhares de pessoas em várias cidades do país, foram convocadas por 400 organizações, além de personalidades da música e do cinema. As principais organizações sindicais francesas também aderiram.

Em novembro de 2017, Emmanuel Macron fez da igualdade entre mulheres e homens uma "grande causa" de seu primeiro mandato de cinco anos. À época, foi criado um número de emergência, 3919, para as mulheres vítimas de violência e pessoas próximas a elas, e outras medidas para afastar os agressores, como o uso de braceletes eletrônicos.

As medidas foram bem acolhidas pelas associações que, no entanto, as consideram insuficientes. "Hoje estamos muito preocupadas com o financiamento das associações", afirma Sarah Durocher, presidente da associação feminista Planning familial, que tem como objetivo a educação sexual, a luta pelo direito à contracepção e ao aborto.

As associações exigem um orçamento total de € 2,6 bilhões por ano e uma lei abrangente para substituir a legislação atual que consideram "fragmentada e incompleta".

A secretária de Estado pela Igualdade de Gênero, Salima Saa, prometeu "medidas concretas e eficazes" para 25 de novembro. Estas medidas terão como objetivo, entre outras coisas, "melhorar os mecanismos para ir ao encontro" das vítimas, particularmente nas zonas rurais, reforçar "o acolhimento e o cuidado" através da "formação dos agentes da linha da frente", esclareceu.

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"A vergonha deve mudar de lado

"Quanto mais numerosos formos, mais visíveis seremos. Este é assunto de todos, não apenas das mulheres", diz Peggy Plou, empresária e vereadora de Gâtine Racain, na região de Inde-et-Loire, 250 km a sudoeste de Paris, que participou das manifestações em Paris.  "Com o julgamento de Mazan, vimos que a vergonha deve mudar de lado", acrescenta se referindo ao caso julgado em Avignon, onde cerca de 50 homens são julgados por terem estuprado Gisèle Pelicot enquanto estava inconsciente, sedada sem seu conhecimento pelo marido Dominique.

"Um metrô a cada dois minutos, um estupro a cada sete minutos", dizia um cartaz no desfile que saiu da estação de trem Gare du Nord, em direção à Praça da Bastilha, em Paris.

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"Devemos implementar uma lei sobre o consentimento urgentemente. Não é porque não dizemos nada que concordamos", argumenta a enfermeira aposentada, Marie-Claire Abiker, de 78 anos, presente no protesto na capital.

"É a primeira vez que venho. Nunca somos suficientes para defender direitos", comenta Marguerite de Verdun, 37 anos, agente fotográfica, que veio com o filho de dois anos e meio. "É importante que meu filho participe da evolução dos pensamentos. Isso pode ser feito desde muito jovem", acrescenta.

Protestos em toda França

Em Marselha, no sul da França, cerca de 800 pessoas, segundo a sede da polícia, se reuniram no Velho Porto, um dos principais pontos da cidade, para protestar.

"Estou preocupado, todos temos um papel a desempenhar, os homens em particular", observa Arnaud Garcette, de 38 anos. "Somos a origem do problema e também a origem das soluções", acrescenta acompanhado pelos dois filhos.

Entre os manifestantes, uma mulher carrega uma placa onde riscou a frase "Protejam suas filhas" para destacar o slogan "Eduquem seus filhos".

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Em Lille, no nordeste do país, mais de 800 pessoas se reuniram para um evento com dança e músicas de artistas mulheres como Beyoncé e Aretha Franklin. "Cerca de 30% dos manifestantes são homens. Esta é realmente uma notícia muito boa", diz Amy Bah, membro do coletivo feminista francês #Noustoutes (Nós todas).

Em Rennes, no noroeste, cerca de 200 pessoas enfrentaram uma chuva fraca para se juntarem à mobilização anual organizada dois dias antes do Dia Internacional para Eliminação da Violência contra as Mulheres, celebrado em 25 de novembro.

(Com AFP)

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