Países europeus estudam envio de soldados à Ucrânia e preparam civis em caso de ataques russos
A possibilidade de uma escalada da violência na Ucrânia e o temor de uma expansão do conflito leva vários países europeus a repensarem suas estratégias de defesa. Algumas nações recomeçam a considerar o envio de soldados para lutar contra a Rússia e estão orientando suas populações sobre como agir em caso de ataque.
Para a imprensa francesa, os países ocidentais já vivem a ameaça de uma guerra. Segundo o jornal Le Figaro, apesar de parte das ameaças do presidente russo, Vladimir Putin, não passar de blefes, nos círculos militares, o cenário de uma escalada está sobre a mesa.
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O míssil hipersônico com capacidade nuclear, utilizado de forma experimental pela Rússia na semana passada, foi percebido como "um sinal alarmante da determinação de Putin", avalia o diário. Além disso, a decisão da Coreia do Norte de enviar soldados para o oeste russo desenhou uma nova etapa na internacionalização do conflito.
Le Figaro lembra que, no início do ano, o presidente francês, Emmanuel Macron, foi o primeiro líder a evocar a possibilidade de envio de soldados à Ucrânia. Mais recentemente foi a vez do ministro das Relações Exteriores da Lituânia, Gabrielius Landsbergis, considerar que é o momento de voltar a discutir essa possibilidade.
Já o jornal La Croix revela que Macron chegou a conversar sobre a questão com o chanceler alemão Olaf Scholz, de quem não obteve apoio. O presidente francês resolveu, então, apelar ao primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, suscitando a aproximação das duas únicas potências nucleares europeias.
No último dia 11 de novembro, os dois líderes chegaram a celebrar juntos o 106° aniversário do Armistício de 1918, um gesto simbólico e inédito desde 1944. Na ocasião, eles reafirmaram a determinação franco-britânica de apoiar Kiev "o tempo que for necessário". Na semana passada, os ministros das Relações Exteriores da França, Jean-Noel Barrot, e do Reino Unido, David Lamy, também assinaram juntos um artigo no jornal Le Figaro contra a expansão da influência de Putin no mundo.
Bunkers e orientação dos civis
Já o jornal Le Parisien fala dos preparativos na Europa para uma possível expansão do conflito, com os países contabilizando seus abrigos antibombas. Depois da Alemanha anunciar que está repertoriando locais onde a população pode se refugiar para se proteger de ataques, países mais próximos da Rússia, como as nações escandinavas, revelaram que estão reforçando seus sistemas de defesa.
Na Suécia, o governo também começou a distribuir neste mês folhetos indicando as localizações dos 65 mil bunkers no país. A Finlândia, que compartilha mais de 1.300 quilômetros de fronteira com a Rússia, lançou há poucos dias um site para orientar a população em caso de um ataque militar do país vizinho.
No entanto, Le Parisien lembra que na França as estruturas antibombas estão abandonadas e obsoletas. Uma situação que, segundo o jornal, incita cidadãos a procurarem empresas especializadas para a construção de bunkers em suas próprias residências.