França anuncia medidas a favor do setor agrícola, contrário ao acordo UE-Mercosul

A ministra da Agricultura francesa, Annie Genevard, anunciou neste sábado (30) uma série de medidas para "diminuir os obstáculos" que pesam sobre os agricultores franceses. O setor se opõe ao projeto de acordo de livre comércio entre a UE e os países do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai) e denuncia uma concorrência desleal. 

"Os agricultores estão fartos das proibições, dos procedimentos e dos padrões", diz a ministra. "Houve um acúmulo de obstáculos que acabou diminuindo a competitividade dos produtores", acrescentou.    

Entre as medidas anunciadas pelo ministro no sábado está a criação de um Conselho específico para ajudar a ANSES, a agência nacional de segurança sanitária, a priorizar os pedidos de comercialização de determinados produtos. O objetivo é atender às necessidades urgentes de certas culturas.

A agência está na mira de alguns sindicatos por ter proibido ou restringido o uso de certos pesticidas antes da União Europeia. 

Outra medida anunciada pela ministra é a otimização do exame de projetos pecuários "para encurtar os prazos".  Outra proposta visa impedir que o mesmo documento seja solicitado várias vezes pelas repartições públicas.

A ministra francesa anunciou as propostas durante uma viagem a uma fazenda de laticínios no centro da França. "Do jeito que as coisas estão, os agricultores não veem mais sentido em sua profissão. É urgente retomar o diálogo", frisou.

Annie Genevard também pretende se reunir com os sindicatos todos os meses para uma nova "reunião de simplificação". O objetivo é "superar, metodicamente, todos os obstáculos à produção", salientou.  

Protestos contra o Mercosul

Desde 18 de novembro, os agricultores têm protestado na França, a primeira potência agrícola da Europa. O sindicato FNSEA-JA (Jovens Agricultores) demonstrou publicamente sua oposição ao acordo de livre comércio entre a UE e os países do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai). 

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Eles alegam concorrência desleal, já que produção dos alimentos pelos países do Mercosul não está submetida a exigências ambientais e sociais e  padrões sanitários similares aos da União Europeia.

Na última semana, o foco dos protestos do setor foi o "obstáculo" ao trabalho dos agricultores. Uma nova mobilização está prevista a partir de 10 de dezembro "para denunciar os baixos rendimentos agrícolas".   

Para os sindicatos FNSEA e JA (Jovens Agricultores), "os anúncios da ministra são um primeiro passo". No entanto, "a simplificação da burocracia ainda é um objetivo distante", acrescentaram. 

De acordo com os sindicatos, os agricultores aguardam "que os anúncios tenham um efeito concreto no seu dia-a-dia".   

Essa nova mobilização de agricultores ocorre um ano após a do inverno de 2023-2024, que também afetou vários outros países da União Europeia, incluindo Alemanha, Itália e Espanha.     

A crise do setor agrícola na França é alimentada pela dificuldade do setor em gerar um rendimento viável, além dos vários obstáculos burocráticos. O número de fazendas na França também foi dividido por quatro em 50 anos: de 1,5 milhão em 1970, elas agora representam menos de 400 mil.

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Com informações da AFP

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