Rebeldes jihadistas assumem controle de parte de Aleppo; França pede proteção para civis
Os rebeldes jihadistas e seus aliados entraram nesta sexta-feira (29) em Aleppo e já controlam parcialmente a cidade neste sábado (30). Cerca de 327 pessoas morreram nos combates desde o início da ofensiva rebelde, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (SOHR), incluindo 44 civis.
A província de Aleppo, em grande parte controlada pelo regime de Bashar al-Assad, fica ao lado do último grande reduto rebelde e jihadista de Idlib.
"Os combatentes entraram nos distritos oeste e sudoeste", disse o diretor do Observatório sírio, Rami Abdel Rahman. Segundo ele, os jihadistas assumiram o controle de cinco bairros e do aeroporto. As forças do regime "não ofereceram muita resistência".
Os rebeldes impuseram um toque de recolher de 24 horas em Aleppo, a partir das 17h de sábado (14h GMT), "para garantir a segurança dos habitantes".
"A maioria dos civis está em suas casas e as instituições públicas e privadas estão quase todas fechadas" em Aleppo, uma cidade de cerca de dois milhões de habitantes, segundo a estação de rádio pró-governo Sham FM.
De acordo com a ONG, o grupo jihadista Hayat Tahrir al-Sham (HTS) e formações aliadas, algumas próximas à Turquia, chegaram aos portões da cidade na sexta-feira após "dois ataques suicidas com carros-bomba".
O Exército sírio, que enviou reforços para Aleppo, disse que repeliu "a grande ofensiva dos grupos terroristas" e recuperou várias posições.
Durante a guerra civil que começou em 2011, as forças do regime, apoiadas pela força aérea russa, capturaram a parte oriental de Aleppo dos combatentes em 2016.
A ofensiva permitiu que os jihadistas conquistassem cerca de 50 localidades desde quarta-feira. Na sexta-feira, aviões de guerra russos e sírios lançaram ataques intensivos na região de Idlib, segundo a ONG.
Apoio do Irã
O Irã, aliado da Síria, reiterou seu apoio. Teerã se comprometeu a apoiar o presidente Assad durante a guerra civil que começou em 2011.
Como resultado dessa guerra, o HTS, dominado pelo antigo ramo sírio da Al-Qaeda, assumiu o controle de grandes áreas da província de Idlib, mas também de territórios vizinhos nas regiões de Aleppo, Hama e Latakia.
Nos últimos anos, o norte da Síria tem vivido uma calma relativa possibilitada por um cessar-fogo estabelecido após uma ofensiva do regime em março de 2020.
A trégua foi patrocinada por Moscou com a Turquia, que apoia alguns grupos rebeldes sírios em sua fronteira. Ancara pediu na sexta-feira a interrupção dos ataques.
O regime sírio recuperou o controle de grande parte do país em 2015 com o apoio de seus aliados russos e iranianos. A guerra civil da Síria matou mais de meio milhão de pessoas e deslocou milhões.
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Quero receberChanceler iraniano visita Síria
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, pediu neste sábado (30), "coordenação" entre o seu país e a Rússia para ajudar o regime sírio de Bashar al Assad a enfrentar a ofensiva.
Durante conversa com o chanceler russo Sergei Lavrov, Araghchi insistiu na "necessidade de vigilância e coordenação" para "neutralizar este perigoso complô e contrapor as ações dos grupos terroristas na Síria e na região", segundo um comunicado ministerial em Teerã.
Abbas Araghchi, visitará a Síria no domingo, anunciou seu ministério no sábado. Em seguida ele viajará à Turquia para "consultas sobre questões regionais, em particular desenvolvimentos recentes", acrescentou o Ministério das Relações Exteriores iraniano em um comunicado.
França pede respeito à lei humanitária internacional
A França pediu neste sábado que "todas as partes respeitem a lei humanitária internacional e protejam a população civil" em Aleppo, no norte da Síria, em grande parte controlada por jihadistas e rebeldes após uma ofensiva relâmpago. "
A França está acompanhando de perto os desenvolvimentos militares em Aleppo", disse o Ministério das Relações Exteriores em um comunicado.
"Esses desenvolvimentos demonstram a necessidade, treze anos após o início da guerra civil síria, de retomar as reuniões do comitê constitucional sírio sem demora, para finalmente chegar a uma solução política", acrescentou o Quai d'Orsay.
Com informações da AFP
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