Catedral Notre-Dame reabre ao público e tem primeira missa após restauração

A catedral Notre-Dame de Paris celebra a primeira missa na manhã deste domingo (8), depois de ser reaberta na noite passada, cinco anos e oito meses após um incêndio que a devastou, em abril de 2019. Uma segunda missa ocorrerá no fim da tarde, aberta ao público.

A missa "inaugural" é celebrada com a presença do presidente francês, Emmanuel Macron, 150 bispos e padres das 106 paróquias parisienses e outros participantes, com acesso mediante convite. Durante a cerimônia, o arcebispo de Paris, Dom Laurent Ulrich, abençoou a água com a qual aspergiu a assembleia, depois o altar e a plataforma denominada "ambon", sinal de purificação que marca o seu uso sagrado.

No início da missa, Dom Ulrich saudou os fiéis "com intensa emoção", "estejam eles presentes nesta catedral ou diante de um telão, talvez até mesmo sob chuva", em um domingo de mau tempo na capital francesa. "Também rezo pelo nosso país, que examina o seu futuro com preocupação", acrescentou.

Para esta primeira missa desde o incêndio, os convidados chegaram com mais de uma hora de antecedência. No interior, todos encontraram sobre as cadeiras um pequeno livro azul decorado com uma representação da Virgem Maria e um resumo da liturgia da semana inaugural da catedral.

Patrick Orhand, voluntário da Secours catholique, 68 anos, diz estar "muito feliz por estar lá". Sob as abóbadas brancas, este fiel maravilha-se com a catedral: "Não a reconhecemos quando vemos toda essa limpeza!", disse, referindo-se às pedras que erguem o monumento, inteiramente restauradas. "Queria prestar homenagem a todas estas pessoas pela energia que dedicaram à restauração de Notre-Dame", acrescentou o aposentado.

Fiéis assistem sob a chuva

A missa começou com a procissão dos estandartes das 106 paróquias da diocese de Paris, acompanhada pelos coros da mestria de Notre-Dame e ao som do grande órgão da catedral. Do lado de fora, católicos reuniram-se perto das barreiras de proteção instaladas e assistiram à retransmissão por telões.

Alix Lambert se posicionou no fim da madrugada e disse não ter hesitado em enfrentar a chuva e o frio para vivenciar este momento histórico. "Não teremos a reabertura da catedral por um bom tempo", disse o estudante de história da arte, de 22 anos.  

"É lindo. Em cinco anos, Notre-Dame, que estava em chamas, foi reconstruída", comemora Jacques, 21 anos, estudante, que ao lado de seus colegas escoteiros, cantava a canção patriótica "La Strasbourgeoise" para se aquecer. "Isso mostra que a Igreja hoje ainda tem um lugar, discreto e pequeno, mas ainda tem um lugar na França", comemora o estudante.

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Às 18h30 acontecerá a primeira missa aberta ao público em geral, mas era necessário ter feito um registro prévio pela internet. Os lugares terminaram instantes após serem disponibilizados, na manhã de terça-feira (3). A reserva gratuita também se esgotou para todas as missas da semana.

Na noite de sábado (7), a catedral teve uma programação suntuosa para a sua reabertura, com a presença de cerca de 35 chefes de Estado e de Governo, além de outras autoridades internacionais. O presidente eleito norte-americano, Donald Trump, e o ucraniano Volodymyr Zelensky estavam presentes. O republicano sentou-se ao lado de Emmanuel Macron, na primeira fila.

Macron não comunga

Vários chefes de Estado continuaram em Paris e assistem à missa deste domingo, assim como 150 pessoas em situação precária - que foram convidadas para um almoço na sequência.

O presidente francês, que fez um discurso no interior da catedral no sábado à noite, não comungou neste domingo, esclareceu previamente o palácio Eliseu. O respeito pela separação entre Igrejas e Estado é alvo frequente de polêmicas na França.

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Até o próximo fim de semana, a diocese organizou duas missas diárias, às 10h30 e às 18h30, no horário local. Um destaque da semana será o retorno, na sexta-feira (13) à tarde, da coroa de espinhos de Cristo a Notre-Dame, uma das principais relíquias da catedral.

 

Para os visitantes que desejam admirar as paredes claras, os móveis minimalistas e os vitrais parcialmente restaurados sem assistir à missa, o acesso à catedral será possível a partir das 15h30 de segunda-feira, mediante reserva. Após estas cerimônias de reabertura, a expectativa é que o monumento continue a receber multidões nas próximas semanas: a diocese de Paris espera de 14 a 15 milhões de visitantes por ano.

O papa Francisco, que não participou da reabertura da catedral, pediu para que a visita continue a ser gratuita. A ministra francesa da Cultura, Rachida Dati, que acaba de deixar o cargo com a derrubada do governo francês pela Assembleia Nacional, desejava instaurar ingressos pagos para os turistas.

Com informações da AFP

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