Caso Pelicot: advogada insiste que acusados não sabiam que francesa estuprada era drogada pelo marido

O processo contra Dominique Pelicot, aposentado francês acusado de ter drogado sua mulher para que ela fosse estuprada por dezenas de desconhecidos, está em sua reta final. Os homens filmados enquanto mantinham relações sexuais com Gisèle Pelicot desacordada, alegam que não sabiam que ela estava sedada e insistem na tese de uma fantasia sexual do casal de aposentados. Alguns dos advogados de defesa pedem que seus clientes sejam absolvidos.

A advogada Carine Monzat, que defende Jean T., homem de 52 anos que corre o risco de ser condenado a 12 anos de prisão, garante que seu cliente, como muitos outros acusados, foi convencido por Dominique Pelicot de que as relações sexuais que propunha com sua mulher faziam parte de uma fantasia do casal. "Será que não podemos considerar, nem que seja por um instante, a possibilidade de que ele tenha sido iludido?", pergunta a advogada, ao falar de seu cliente.    

Ela também contestou a pressão imposta por militantes feministas, que pedem, em manifestações diante do tribunal, que cada um dos acusados seja condenado a 20 anos de prisão, o que representaria a pena máxima. "Não estamos em um reality show", se irritou Carine Monzat. "Daqui a pouco vamos colocar um botão com um sino: culpado ou inocente", ironizou a advogada.

As descrever o momento que seu cliente entrou no quarto de Gisèle Pelicot, Carine Monzat especifica que, como mostram as imagens de vídeo, a aposentada, desacordada, era penetrada por seu marido. "Será que nessa hora ele [Jean T] viu um criminoso estuprando uma mulher sedada ou um homem fazendo sexo com sua esposa?", lançou a advogada.

"A verdade [em um caso] judicial é sempre o resultado de um longo processo, cujo resultado é muitas vezes doloroso. Raramente é aquele que esperávamos", completou Stéphane Simonin, advogado que defende Vincent C., 43 anos, e Philippe L., 62. Segundo ele, os dois acusados, que podem pegar 15 e 10 anos de prisão, respectivamente, caíram na armadilha de Dominique Pelicot.

Vincent C. e Philippe L. rejeitam categoricamente as acusações de estupro. Eles insistem que não sabiam que Gisèle Pelicot estava drogada. Mas desde o início do processo, Dominique Pelicot afirma que os 50 acusados sabiam perfeitamente que sua mulher, de 72 anos, era sedada por ele e que a droga era administrada sem que ela tivesse conhecimento.

Vincent C. foi filmado em duas ocasiões diferentes na casa dos Pelicot na cidade de Mazan, no sul da França.

Advogados pedem absolvição

Os advogados Aurélien Knoepfli, que defende Thierry P., 61 anos, e Philippe Kabore, que defende Grégory S., 31, também adotam o mesmo argumento, colocando toda a responsabilidade em Dominique Pelicot.

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"Foi ele quem implementou essa estratégia de predador", afirma Philippe Kabore, que vê em seu cliente uma vítima que, "lentamente, se dirigiu a uma armadilha".

A defesa alega que há "uma dúvida sobre a existência de um elemento intencional" e que, diante dessa dúvida, uma pena por estupro não seria plausível, ambos os advogados pedem que seus clientes sejam absolvidos.

O veredito do caso Pelicot deve ser anunciado até 20 de dezembro.

(Com agências)

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