Saúde de Lula gera debate sobre disputa eleitoral de 2026 e comparação ao caso de Biden nos EUA

Em um momento de desafios inflacionários, fiscais e de tensão política entre os poderes por conta das emendas parlamentares, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu não se afastar do cargo, ao mesmo tempo em que terá acompanhamento médico. Mas a cirurgia na cabeça, decidida às pressas, trouxe à tona o debate sobre a saúde de Lula que é o principal, quiçá o único, nome da esquerda com força nas urnas para uma disputa presidencial

Raquel Miura, correspondente da RFI em Brasília

Equipe médica e aliados políticos têm repetido que o quadro de saúde do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é estável, sem sequelas cerebrais e com preservação das atividades cognitivas e motoras. Porém, a cirurgia para drenar um sangramento intracraniano, cuja logística remeteu a uma 'operação de guerra' pela urgência e apreensão gerada na equipe palaciana, acabou trazendo um novo ingrediente nas discussões políticas: a saúde do presidente para uma eventual disputa eleitoral em 2026.

A cirurgia no quadril ano passado e a própria queda com a cabeça no chão em outubro deste ano, enquanto cortava as unhas do pé, situação que ensejou o sangramento tardio que precisou ser contido agora, já haviam levado o petista a receber tratamento médico.

Porém, Lula, aos 79 anos, continua sendo o principal nome da esquerda para uma corrida presidencial no Brasil. Para o cientista político da ESPM, Alexandre Bandeira, do Grupo Brasília de Consultoria, uma cirurgia na cabeça de um chefe de Estado obviamente desperta atenção.

"A saúde de um presidente da República sempre gera preocupações e também especulações. Podemos observar o recente caso do presidente Joe Biden nos Estados Unidos, que foi afastado da corrida presidencial em virtude justamente dessas desconfianças com relação ao exercício de um mandato futuro", diz o analista.

Saúde de Lula monitorada por políticos e pela imprensa 

Segundo ele, se forem considerados outros fatores, como o fato de o país ainda estar muito polarizado politicamente, a idade de Lula e os desafios do cargo, o assunto pode render novos tópicos nas conversas políticas sobre uma campanha eleitoral em 2026.

"Apesar de no Brasil a eleição só acontecer daqui a dois anos e a equipe médica atestar as condições de saúde do presidente, dizendo que inclusive não há mais nenhum problema que possa advir da queda que ele sofreu em outubro, a partir de agora, a questão da saúde do presidente Lula passa a ser monitorada com mais interesse e atenção. Por conta da própria idade, do cenário de disputa e das dificuldades de exercer um cargo desses", considera Bandeira.

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Além da discussão eleitoral, assuntos mais pontuais e urgentes estiveram também na pauta política da semana. Com Lula se recuperando da cirurgia, com possibilidade de alta semana que vem, ministros saíram a campo para tentar avançar nas tratativas envolvendo o pacote fiscal e a liberação de emendas parlamentares.

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