Com clero vestido de rosa e pouco antes do Natal, papa Francisco é esperado com pompa na Córsega
Em sua 47ª viagem internacional desde sua eleição em 2013, e a terceira em 2024, o papa Francisco fará uma visita inédita neste domingo (15) à ilha francesa do Mediterrâneo. Ele transmitirá "uma mensagem de paz, dez dias antes do Natal", disse o bispo da Córsega, François-Xavier Bustillo, acrescentando que padres, bispos e diáconos estarão vestidos de rosa, como estabelece a liturgia durante o Advento, período em que os fiéis se preparam para celebrar o Natal.
"Ele não vem aqui para fazer política; ele vem para ser um pastor entre seu povo", resumiu o bispo. A cidade portuária de Ajaccio, no sul da Córsega, está sendo gradualmente decorada em amarelo e branco, as cores papais, às vezes combinadas com a bandeira da ilha, que exibe uma cabeça de mouro sobre fundo branco. Uma enorme cruz vermelha em tecido, com quatro andares de altura, já está estendida na fachada de um hotel.
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O representante do Estado na região, Jérôme Filippini, deu as boas-vindas à chegada de cerca de 2.200 policiais da força nacional francesa e reforços de segurança civil. Eles vão ajudar os cerca de 1.000 agentes locais que o ano todo garantem o policiamento na "Ilha da Beleza", como a Córsega é chamada pelos franceses.
O pontífice argentino será recebido no aeroporto às 9h de domingo (hora local, 4h da madrugada em Brasília) por crianças entoando cantos em corso, antes de fazer um passeio no "papamóvel" pela orla marítima de Ajaccio.
Em seguida, ele irá ao Palácio dos Congressos para encerrar a conferência sobre "A religiosidade popular no Mediterrâneo", que contou com a presença de 250 pessoas neste sábado.
"Adrenalina"
Ao comentar a visita de Francisco, o padre Georges Nicoli, da igreja Notre-Dame de Lourdes, em Bastia, disse que "a simples presença do papa vai animar as pessoas". "Haverá um pouco de adrenalina, mas eu não queria que fosse algo meramente momentâneo e que, depois, não houvesse nada", explicou. "Espero que ele lembre às pessoas que a fé cristã deve estar enraizada em um modo de vida", afirmou o vigário.
"Ele vem para os pobres e as crianças, e isso é muito popular", entusiasmou-se Hélène Politi. Ela cantará na missa aberta ao público, acompanhada por 250 membros do coral.
Na catedral de Notre-Dame de l'Assomption, cuja fachada acaba de ser repintada, o papa se dirigirá ao clero durante a oração do Angelus. Antes, do lado de fora da igreja, dois artistas nascidos na ilha, os cantores Patrick Fiori e Alizée, farão uma apresentação musical, de acordo com o cardeal François-Xavier Bustillo.
O clero de rosa
Ao redor da igreja, um afresco colorido com um toque de arte de rua, criado por um grupo de artistas de Ajaccio, retrata Francisco em um cenário de vitrais e um mapa colorido da Córsega.
"Essa visita é muito importante", disse Mathias Flori, 34 anos, dono de um restaurante em Bastia, que acabou de comprar um dos 10.000 kits de lembranças (camiseta, abajur etc.) colocados à venda pela diocese para financiar a visita. Os estandes de vendas, mantidos por voluntários, surgiram por toda a cidade.
No entanto, Flori não conseguiu um dos 9.000 lugares para assistir ao ponto alto da visita papal no domingo à tarde, a missa ao ar livre no grande teatro Casone, onde Pascal Obispo cantará e as congregações corsas participarão de uma procissão. Nessa esplanada, dominada por uma estátua alta de Napoleão, o mais famoso cidadão corso da história francesa, foi instalada uma grande cruz de madeira com uma base em forma de âncora, juntamente com telões gigantes. Uma faixa branca com a inscrição "A Pace" ("Paz" em corso) foi pendurada sobre o palco onde o papa presidirá a missa.
"Estamos orgulhosos, é um privilégio para ele vir aqui em vez de Paris", disse Paule Negroni, uma bibliotecária de 52 anos, moradora de Ajaccio.
"É um evento planetário" em 'uma terra muito piedosa, muito religiosa, a Córsega', disse entusiasmado o aposentado Jean-François Ferrandini, de 68 anos.
Nove em cada dez habitantes da Córsega são católicos. Segundo especialistas, o papa Francisco tem grande admiração pelas procissões e festas populares que esses fiéis perpetuam ao longo de séculos. Para o pontífice argentino, a religiosidade verdadeira é aquela que se vive com alegria no cotidiano.
(Com AFP)