Morre na prisão 2º manifestante detido na crise desencadeada após eleição de Maduro na Venezuela
Um segundo detido nos protestos que se seguiram à contestada reeleição do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, morreu na prisão. A informação foi divulgada neste sábado (14) por uma ONG que acompanha a situação dos presos políticos e pelo filho do prisioneiro, que denunciou a negação das autoridades sobre a morte de seu pai.
Um segundo detido nos protestos que se seguiram à contestada reeleição do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, morreu na prisão. A informação foi divulgada neste sábado (14) por uma ONG que acompanha a situação dos presos políticos e pelo filho do prisioneiro, que denunciou a negação das autoridades sobre a morte de seu pai.
Jesús Rafael Álvarez, de 44 anos, detido em meio à crise que se sucedeu à eleição polêmica de Maduro, morreu na quinta-feira (12) na prisão de segurança máxima de Tocuyito, em Carabobo, no centro da Venezuela, disse a ONG Observatório Venezuelano de Prisões (OVP) e o Comitê pela Liberdade dos Presos Políticos.
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"Meu pai foi punido e morto na prisão", disse seu filho, também chamado Jesús Álvarez, em uma declaração do OVP. O jovem de 22 anos explicou que, quando soube da notícia pelas redes sociais, foi ao instituto de medicina legal, onde só lhe foi mostrada uma foto do corpo a ser examinado. Ele não o tinha revisto desde que havia sido preso, disse uma fonte da OVP à AFP.
"Irreconhecível"
"Naquela foto, ele viu seu pai irreconhecível: emaciado, com barba, extremamente magro. Ele tinha a maçã do rosto inchada, com sinais óbvios de um golpe", acrescentou o OVP. Quando a família de Álvarez tentou iniciar os procedimentos para remover o corpo, os funcionários de Tocuyito garantiram que "não havia ninguém morto" no local.
Álvarez é a segunda pessoa a morrer sob custódia desde a eclosão dos protestos contra Maduro, que deixaram oficialmente 27 mortos e quase 200 feridos desde o fim de julho. O primeiro foi Jesús Manuel Martínez, de 36 anos, membro do partido da líder opositora Maria Corina Machado.
Mais de 2 mil detidos
Mais de 2.400 pessoas foram presas após os protestos que se seguiram à proclamação de Maduro para um terceiro mandato de seis anos, em meio a alegações da oposição de fraude.
As autoridades venezuelanas informaram a libertação de cerca de 300, embora a ONG Foro Penal, que defende os "presos políticos", só tenha conseguido registrar cerca de 208, incluindo adolescentes.
Tortura
Os familiares dos detidos reclamaram que seus parentes foram vítimas de tortura, maus-tratos e falta de comida nas prisões.
"Meu pai era uma pessoa saudável, não sofria de nada. Ele foi punido naquele lugar só por estar com fome. Se ele reclamasse, era isolado e amarrado. Se pedisse para falar com a família, batiam nele", lamentou Álvarez Jr.
A mãe do jovem também se encontra detida e ele exige sua libertação.
(Com AFP)