Dois fieis do grupo HTS são nomeados para ministérios da Defesa e das Relações Exteriores da Síria
Menos de uma semana após a nomeação de Mohammad el-Bachir como Primeiro-Ministro da transição na Síria, o novo governo em Damasco nomeou Assaad Hassan al-Chibani como chefe da diplomacia e Murhaf Abou Qasra como ministro da Defesa. Esses dois cargos são cruciais no período atual, caracterizado pelo restabelecimento dos contatos com os países ocidentais e pelas tentativas de recuperar o controle da segurança no país.
Com informações de Paul Khalifeh, correspondente da RFI no Líbano, e agências
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A nomeação de Assaad Hassan al-Chibani como chefe do ministério das Relações Exteriores da Síria e de Murhaf Abou Qasra como ministro da Defesa ilustra a determinação do grupo Hayaat Tahrir al-Sham (HTS) em garantir postos-chave diplomáticos e de segurança no país.
Ambos, com menos de 40 anos, são tenentes próximos do novo homem forte de Damasco e líder do HTS, Ahmed al Sharaa, que responde também pelo nome de Abu Mohammad al-Joulani. Anteriormente vinculado à Al Qaeda, o HTS é classificado como grupo "terrorista" por vários países ocidentais, e o próprio Sharaa era alvo de sanções dos Estados Unidos.
Assaad al-Chibani é natural de Hassaké, no nordeste da Síria. Formado em língua e literatura inglesa pela Faculdade de Artes e Letras da Universidade de Damasco, ele desempenhou um papel de liderança na organização da administração política estabelecida pelos rebeldes na província de Idleb.
Criado em 2017 no enclave rebelde de Idleb, no noroeste do país, para prestar serviços às populações isoladas da infraestrutura estatal, esse governo autoproclamado tinha seus próprios ministérios e autoridades. O gerenciamento da ajuda humanitária no antigo enclave rebelde permitiu que Assaad al-Chibani estabelecesse relações com agências das Nações Unidas e diplomatas estrangeiros.
Já Murhaf Abou Qasra é engenheiro de formação, natural do norte da província central de Hama. Como chefe militar do HTS, ele desempenhou um papel importante na ofensiva relâmpago lançada em 27 de novembro, que levou à queda do regime de Bashar al-Assad 12 dias depois. O novo ministro da Defesa terá a delicada tarefa de unir todos os grupos rebeldes dentro do novo exército sírio.
Raramente visto na mídia, Murhaf Abou Qasra lutou em Idleb contra o exército de Assad sob o nome de guerra Abu Hassan al-Hamaoui, antes de se juntar ao governo da fortaleza rebelde, ao lado de seu companheiro de viagem Abu Mohammad al-Joulani. Sua lealdade foi recompensada. À frente do ministério da Defesa, ele será responsável pela importante questão da reforma do exército, tema altamente sensível para um país que passou por uma década de guerra civil.
De acordo com as novas autoridades sírias, todas as facções devem ser fundidas para formar a nova instituição militar, incluindo o HTS, admite Murhaf Abu Qasra. Isso incluiria os grupos armados curdos que, até o momento, ainda lutam contra grupos armados sírios ligados à Turquia no norte do país.
Governo de transição rejeita "qualquer polarização"
Na sexta-feira (20), após uma reunião entre Abu Mohammad al-Joulani e uma delegação americana, as novas autoridades sírias disseram que queriam contribuir para a "paz regional" e construir parcerias estratégicas com os países da região. Damasco também anunciou que manteria "uma distância igual de todos os países e partidos da região" e rejeitaria "qualquer polarização".
O HTS garante ter rompido com o jihadismo e busca tranquilizar a comunidade internacional após mais de 13 anos de guerra civil que devastaram e fragmentaram o território sírio.