Já parou para pensar qual seria o impacto ambiental da viagem do Papai Noel pelo mundo?
De acordo com a tradição natalina, em dezembro o Papai Noel deixa o Pólo Norte e começa a sua viagem anual de distribuição de presentes. Porém, qual seria o impacto ambiental desta missão? A RFI fez os cálculos de uma viagem hipotética e concluiu que ela tem uma forte pegada de carbono. É brincadeira, mas questiona com humor o consumismo exagerado nessa época do ano.
Por Simon Rozé, da RFI
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Enquanto as crianças de todos os continentes esperam imapacientes os seus presentes, o departamento de meio ambiente e clima da RFI resolveu investigar se a viagem do bom velhinho seria ecológica. Para isso, foi necessário primeiro calcular a quantidade de presentes que o Papai Noel carrega, depois o peso do trenó e, por fim, a energia necessária para movê-lo.
É difícil encontrar estatísticas precisas, mas parece que, na média mundial, cada criança recebe 5,5 presentes no Natal, embora existam obviamente grandes variações entre os países. Da mesma forma, os dados não são precisos, mas a estimativa é de 135 milhões de crianças presenteadas no planeta.
Se definirmos arbitrariamente uma massa média por presente de um quilo, podemos, portanto, estimar a massa MT do trenó de acordo com: MT = 5,5 x 1 x 135 x10^6.
Concluímos assim que MT, a massa do trenó, equivale a 742.500 toneladas de presentes para transportar. Decidimos não incluir o peso do Papai Noel, das renas e do próprio trenó no cálculo porque são insignificantes comparados a esta massa colossal.
Para saber a energia ET empregada para movimentar tal carga, usaremos a seguinte fórmula:
ET= 1/2 x MT x VT^2, onde MT é portanto a massa do trenó e VT a sua velocidade. Para obter este último valor, é necessário determinar a distância percorrida pelo Papai Noel durante a viagem e o tempo gasto para concluí-la de acordo com: VT = D/T
Para calcular D, faremos mais uma vez diversas aproximações: consideramos que várias crianças são irmãos e moram na mesma casa e determinamos que 50 milhões de lares são visitados. Estabelecemos, então, arbitrariamente que eles estão distribuídos homogeneamente pelo planeta. Obtemos, assim, D = 149 milhões de quilômetros.
Quanto ao cálculo de T, devemos considerar a duração máxima das viagens noturnas do Papai Noel. Levando em consideração a rotação da Terra e os intervalos de entrega dos presentes, chegamos a T = 42 horas.
Portanto, VT = 149,106/42 ou VT = 3.547.691 km/h.
Já o resultado em quilômetros por segundo seria: VT = 3.547.619/3600, ou seja, VT = 985 km/s ou VT = 985.000 m/s.
Com os dados de VT, a velocidade do trenó, podemos agora calcular ET, a energia utilizada para mover esta massa com essa velocidade, usando a seguinte fórmula: E = 1/2 x (742.500.000 x 985.0002) = 3,6 x 1020J.
A energia cinética do trenó é, portanto, equivalente a 360 Peta Joules ou 360 quatrilhões de joules (unidade de energia). Isto equivale a 100 terawatts-hora (TWh), ou seja... o consumo global de energia em 2001.
Qual o consumo das renas?
Excluindo a magia, para obter tal consumo deveríamos conectar 62.500 reatores nucleares do tipo EPR ao nariz da rena Rudolf durante sua missão de 42 horas. Isso também ajudaria a explicar, aliás, o seu nariz vermelho que seria um sinal de que a "bateria" dela estaria descarregada.
Para conhecer as emissões equivalentes de dióxido de carbono de nove renas, não sabendo por definição o consumo do grupo viajando a 985 km/s durante 42 horas, faremos uma analogia com veículos reais. O trenó pesa até 400.000 SUVs. Vamos supor que as renas funcionem com biocombustível. Chegamos então a 19,2 bilhões de toneladas de CO2 emitidas nessa viagem de distribuição de presentes.
Como o Papai Noel mora na Lapônia, finalmente, comparamos o resultado final com a pegada de carbono anual de um residente da Finlândia. Numa primeira aproximação, descobrimos que o Papai Noel emite, numa longa noite de trabalho, até três bilhões de finlandeses em um ano.