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Autoridade palestina acusa Al Jazeera de ingerência e proíbe difusão de canal em seus territórios

02/01/2025 11h22

A Autoridade Palestina, que administra parcialmente a Cisjordânia ocupada, ordenou a suspensão das transmissões do canal Al Jazeera nos territórios palestinos. A emissora é acusada de ingerência ao transmitir conteúdos que "incentivam a desinformação", indicaram os meios de comunicação oficiais.

"O comitê ministerial especializado, formado pelos Ministérios da Cultura, Interior e Comunicações, decidiu suspender as transmissões e paralisar todas as atividades do canal satélite Al Jazeera e do seu escritório na Palestina", informou na quarta-feira a agência oficial Wafa.

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"A decisão inclui também a paralisação temporária do trabalho de todos os jornalistas, funcionários, equipes e emissoras afiliadas até que a situação jurídica seja restabelecida, devido às violações da Al Jazeera a leis e regulamentos em vigor na Palestina", detalhou o relatório.

"Esta decisão responde à insistência da Al Jazeera em transmitir conteúdos e reportagens caracterizados por desinformação, incitamento, sedição e interferência nos assuntos internos palestinos", continuou.

Um funcionário da Al Jazeera consultado pela agência AFP confirmou que o escritório da rede em Ramallah recebeu uma ordem de suspensão na quarta-feira.

A emissora do Catar condenou a decisão em um comunicado. Segundo o canal, a suspensão acontece em um momento em que "a Autoridade Palestina tenta dissuadir a Al Jazeera de cobrir o agravamento da situação nos territórios palestinos ocupados", incluindo Jenin e o campo de refugiados situado ao redor da área.A emissora alerta para uma "campanha de intimidação" visando seus jornalistas.

O grupo militante Hamas, grande rival do Fatah de Abbas, também condenou a decisão de suspender a rede. "[A medida] está alinhada a uma série de ações arbitrárias recentes da Autoridade para limitar os direitos e liberdades públicas e fortalecer seu controle sobre o povo palestino", afirmou o Hamas em um comunicado.

"Pedimos à Autoridade Palestina para que reverta imediatamente esta decisão (...) É crucial garantir a continuidade da cobertura midiática que expõe a ocupação e apoia a resistência do nosso povo", acrescentou.

A Jihad Islâmica, aliada do Hamas na Faixa de Gaza, também condenou a decisão "em um momento em que o nosso povo e a nossa causa precisam desesperadamente transmitir seu sofrimento ao mundo".

"Campanha de incitação"

As tensões entre a rede de televisão e o movimento Fatah aumentaram nas últimas semanas devido à cobertura de confrontos mortais em Jenin entre as forças de segurança palestinas e combatentes de grupos armados como Hamas e Jihad Islâmica. Na semana passada, a Al Jazeera denunciou uma "campanha de incitamento" do Fatah contra a "cobertura" destes confrontos que deixaram dezenas de mortos.

"Durante a cobertura dos trágicos acontecimentos em Jenin, a Al Jazeera garantiu a presença de todas as vozes, incluindo as dos combatentes da resistência e do porta-voz das forças de segurança palestinas", detalhou a emissora em um comunicado.

As forças de segurança da Autoridade Palestina, que exercem um controle limitado na Cisjordânia, travam confrontos mortais com grupos armados desde o início de dezembro, após a prisão de vários combatentes.

A Autoridade Palestina, com sede em Ramallah, toma esta decisão mais de três meses após as forças israelenses invadirem o escritório da rede na mesma cidade.

A Al Jazeera já está proibida de transmitir a partir de Israel devido a uma disputa de longa data com o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que só piorou durante a atual guerra em Gaza.

(Com AFP)

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