Dinamarca convoca reunião de emergência devido a tensão envolvendo a Groenlândia e Trump
O clima de tensão envolvendo a soberania da Groenlândia levou a primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, a convocar uma reunião de emergência com líderes partidários da Dinamarca e dos territórios autônomos das Ilhas Faroe e da Groenlândia para a noite desta quinta-feira (09).
Fernanda Melo Larsen, correspondente da RFI em Copenhague
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O caso ganhou ainda mais atenção após declarações polêmicas do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que sinalizou interesse em adquirir o território groenlandês. O encontro foi confirmado pelo gabinete da primeira-ministra, e é considerado raro, sinalizando a gravidade da situação.
A tensão aumentou após uma coletiva de Donald Trump na Flórida, na última terça-feira (07), onde ele não descartou o uso força militar ou persuasão econômica para assumir o controle da ilha, além de ameaçar a Dinamarca com tarifas punitivas.
"Talvez tenhamos que fazer alguma coisa", declarou Donald Trump.
Nas redes sociais, a primeira-ministra disse que esteve em contato telefônico durante todo dia de ontem (08) com vários líderes europeus e se reuniu com o chefe de governo groenlandês, Múte Egede.
"Isto é tudo o que podemos dizer em público, mas podem ter a certeza de que nós, por parte do governo, fazemos tudo o que podemos para zelar pelos interesses do reino da Dinamarca" afirmou Mette Frederiksen em suas redes sociais.
Já o presidente do Governo Autônomo da Groenlândia, Múte Egede, disse à imprensa dinamarquesa que os anúncios de terça-feira (07), são obviamente preocupantes. "No entanto, é necessário que nós, como nação, não atuemos precipitadamente'', declarou.
Múte Egede também se reuniu na tarde de quarta-feira com o rei Frederik X, na no Palácio de Amalienborg, em Copenhague. O encontro aconteceu em meio às discussões sobre independência e os planos futuros da Groenlândia.
Groenlandeses são contra cooperação
Um estudo recente da Universidade da Groenlândia mostrou que o apoio à cooperação com os EUA caiu de 70% em 2021 para 60% em 2024. Enquanto isso, o apoio à colaboração com a Dinamarca permaneceu estável, entre 66% e 68%. Esses números refletem a crescente preocupação da população groenlandesa com as tensões internacionais.
"O apoio à cooperação com os EUA é menor em 2024 do que era em 2021", disse Najaaraq Demant-Poort, professor assistente e PhD da Universidade da Groenlândia durante uma entrevista em uma rádio dinamarquesa, nesta quarta-feira.
Críticas da oposição
Para os partidos políticos de oposição, a atuação de Mette Frederisen diante da crise na Groenlândia não tem sido positiva. Durante uma entrevista à TV2, na noite de quarta-feira (08), chegou-se a questionar a competência do governo liderado por Mette Frederiksen.
"É bom que ela tenha falado com líderes europeus, mas por que não buscou contato direto com Trump antes? Temos que deixar claro para os americanos que a Groenlândia é soberana e que a Dinamarca tem o controle da região ártica", criticou o líder do Partido do Povo Dinamarquês, o conservador Morten Messerschmidt.