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Militar Joseph Aoun é eleito presidente do Líbano e promete respeitar 'trégua' com Israel

09/01/2025 11h16

O comandante-chefe do Exército libanês, Joseph Aoun, foi eleito presidente do país nesta quinta-feira (9), após receber o voto de 99 dos 128 deputados no Parlamento. O resultado é um reflexo das mudanças no equilíbrio geopolítico no Oriente Médio, com o enfraquecimento do movimento Hezbollah após os ataques israelenses e a queda de Bashar al-Assad na Síria.

O presidente eleito, em trajes civis, foi aplaudido quando entrou na Câmara para fazer o juramento de posse. "Hoje começa uma nova era na história do Líbano", disse Aoun em seu primeiro discurso, se comprometendo a iniciar rapidamente as consultas para nomear um primeiro-ministro.

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Aoun também declarou que se dedicaria a reafirmar o direito do Estado a ter o "monopólio das armas", em referência à guerra entre o movimento Hezbollah e Israel. Ele afirmou que respeitaria a "trégua" com o país. 

O acordo de cessar-fogo, supervisionado pelos Estados Unidos, a França e a ONU, prevê o envio do Exército libanês para as áreas de fronteira à medida que as forças israelenses se retirem das áreas ocupadas durante o conflito, que começou em setembro do ano passado.

O Hezbollah também deve retirar suas tropas ao norte do rio Litani e desmantelar infraestruturas militares na área. Em uma mensagem no X, o chanceler israelense, Gideon Saar, disse que espera que Joseph Aoun "contribua para a estabilidade do país e as boas relações com os vizinhos".

O novo presidente confirmou seu favoritismo depois que o candidato do Hezbollah, Suleiman Frangieh, desistiu de participar da eleição e declarou seu apoio a Aoun, que conseguiu obter a maioria após uma reunião entre representantes dos blocos pró-iranianos do Hezbollah e seu aliado, o movimento Amal.

O comandante-chefe do Exército também foi apoiado pelos Estados Unidos e pela Arábia Saudita. "Há uma mensagem clara da comunidade internacional, que está pronta para apoiar o Líbano, mas que há necessidade de um presidente, um governo", disse Michel Mouawad, um parlamentar maronita que se opunha ao Hezbollah e votou em Joseph Aoun. 

Enviados franceses, americanos e sauditas teriam informado ao Hezbollah que a ajuda internacional ao Líbano estava condicionada à sua eleição. "Recebemos uma mensagem de apoio da Arábia Saudita", acrescentou Mouwad.

Primeiro turno

Embaixadores de vários países, entre eles o enviado francês para o Líbano, o ex-chanceler Jean-Yves Le Drian, participaram da sessão parlamentar. Aoun recebeu apenas 71 votos no primeiro turno da votação pela manhã - eram necessários 86 votos e 30 parlamentares do Hezbollah e seu aliado, o movimento xiita Amal, votaram em branco. A sessão foi suspensa antes de ser retomada à tarde.   

O cargo de presidente é reservado a um cristão maronita e respeita o sistema de compartilhamento de poder entre as 18 comunidades religiosas no Líbano. O país tinha um sistema presidencialista, mas os poderes do chefe de Estado diminuíram após o acordo de Taif que pôs fim à guerra civil (1975-1990) e reforçou o papel do Conselho de Ministros, presidido por um muçulmano sunita.

Desde o final do mandato do presidente Michel Aoun (que não é da família do comandante-chefe do Exército), em outubro de 2022, o Parlamento não conseguia eleger um presidente.  

Com informações da AFP e Reuters

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