Lula e Macron conversam pelo telefone sobre política de verificação digital da Meta
Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e e da França, Emmanuel Macron, conversaram por cerca de 30 minutos por telefone nesta sexta-feira (10) sobre as políticas de verificação digital da empresa Meta, que anunciou o fim da checagem independente nos EUA na terça-feira (7).
Os dois chefes de Estado "concordaram que liberdade de expressão não significa liberdade de espalhar mentiras, preconceitos e ofensas", segundo uma nota divulgada pelo Palácio do Planalto. A "liberdade de expressão" não deve ser confundida com disseminação de 'fake news' e discursos de ódio, diz a nota.
O governo do presidente Lula deu 72 horas à Meta para explicar como as novas políticas da empresa sobre verificação de conteúdo irão afetar o Brasil, anunciou, nesta sexta-feira (10), o Advogado-Geral da União, Jorge Messias.
"Em razão da ausência de transparência dessa empresa, nós apresentaremos uma notificação extrajudicial e a empresa terá 72 horas para informar o governo brasileiro qual é de fato a sua política para o Brasil", declarou Messias a jornalistas.
A Advocacia Geral da União (AGU) confirmou à AFP ter enviado a notificação à Meta, dona do Facebook, Instagram e WhatsApp. Se a empresa de Mark Zuckerberg não responder no prazo estabelecido, "medidas legais e jurídicas serão adotadas", acrescentou Messias, sem detalhar quais seriam as consequências.
Suspensão do X
O Brasil ganhou protagonismo mundial sobre a questão das plataformas digitais em agosto de 2024, quando o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou o bloqueio do acesso à rede X em todo o país por desobedecer ordens judiciais relacionadas ao combate à desinformação. A medida esteve vigente por 20 dias e foi suspensa após o recuo da empresa americana.
A Meta anunciou na terça-feira que encerrará seu programa de fact-checking (verificação digital) nos Estados Unidos, uma reviravolta radical em suas políticas de moderação de conteúdo, que sacudiu o mundo das comunicações.
Segundo Zuckerberg, com a medida a Meta busca "restaurar a liberdade de expressão em suas plataformas" e vai substituir o trabalho dos verificadores por um sistema de notas da comunidade, similar ao usado pelo X.
Messias ressaltou a "enorme preocupação do governo brasileiro", ao assinalar que a Meta parece uma "biruta de aeroporto", que "o tempo todo muda de posição ao sabor dos ventos".
A Agence France-Presse (AFP) trabalha com o programa de verificação de conteúdo do Facebook em 26 idiomas. O Facebook paga para usar as verificações de cerca de 80 organizações em todo o mundo em sua plataforma, assim como no Whatsapp e no Instagram.
Com informações da AFP
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