'Prova irrefutável': Ucrânia exibe imagens de soldados norte-coreanos detidos na região russa de Kursk

A Ucrânia anunciou neste sábado (11) que está interrogando dois soldados norte-coreanos detidos na região russa de Kursk. As imagens divulgadas ocultam parcialmente o rosto dos militares detidos, mas foram divulgadas, segundo as autoridades ucranianas, como a "prova irrefutável" de que soldados de Pyongyang estão lutando ao lado das forças de Moscou.

Essa não é a primeira vez que a Ucrânia afirma ter capturado soldados norte-coreanos durante sua ofensiva em Kursk, mas é a primeira vez que afirma ter conseguido interrogar os combatentes asiáticos.

"Nossas tropas detiveram soldados norte-coreanos na região de Kursk. São soldados que, embora feridos, sobreviveram e foram levados para Kiev, onde estão conversando com investigadores da SBU", os serviços de segurança ucranianos, escreveu o presidente Volodymir Zelensky nas redes sociais. O líder ucraniano acompanhou sua mensagem com fotos dos dois supostos soldados norte-coreanos detidos. Um deles tem bandagens nas mãos e o outro no queixo.

De acordo com Kiev, 12.000 soldados norte-coreanos, incluindo "cerca de 500 oficiais e três generais", estão posicionados na região russa de Kursk, onde o exército ucraniano está conduzindo uma ofensiva desde agosto. Até o momento, nem a Rússia nem a Coreia do Norte confirmaram a presença desse contingente no conflito.

De acordo com Zelensky, a detenção desses homens não foi fácil, pois "os soldados russos e norte-coreanos atiram em seus feridos e fazem todo o possível para apagar as evidências do envolvimento de outro Estado" na guerra contra a Ucrânia. Ele disse que daria aos prisioneiros acesso à mídia porque "o mundo precisa saber o que está acontecendo".

Os dois homens não falam russo ou ucraniano e se comunicam por meio de intérpretes coreanos, informou a SBU.

Em entrevistas à TV francesa, especialistas militares que analisam a evolução do conflito notam que os interrogatórios dos dois asiáticos podem ser preciosos para o Exército da Ucrânia ter acesso a informações sobre a estratégia russa em Kursk. Por outro lado, eles ressaltaram que a Ucrânia provavelmente não poderá devolver esses soldados norte-coreanos em uma troca de prisioneiros com a Rússia, porque eles seriam imediatamente mortos.

Identificação difícil

De acordo com o SBU, um dos prisioneiros estava portando uma carteira de identidade militar "emitida em nome de outra pessoa", enquanto o outro não tinha documentos.

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A Rússia é suspeita de esconder combatentes norte-coreanos, fornecendo-lhes documentos de identidade falsos.

Um dos soldados disse que acreditava estar "indo para treinamento, não para lutar em uma guerra contra a Ucrânia", de acordo com a SBU. De acordo com a mesma fonte, os soldados estão recebendo cuidados médicos e estão sendo mantidos em condições que "atendem às exigências do direito internacional".

Avanço russo no leste

O envolvimento de um exército estrangeiro no conflito representa uma escalada significativa na invasão da ex-república soviética lançada pela Rússia há quase três anos. O conflito está em um estágio crítico com o iminente retorno de Donald Trump à Casa Branca.

O republicano, que assume o cargo em 20 de janeiro, disse na quinta-feira que estava preparando uma reunião com o presidente russo, Vladimir Putin, para "pôr fim" ao conflito.

Tanto a Rússia quanto a Ucrânia estão tentando a todo custo melhorar ou manter suas posições para possíveis negociações.

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O exército russo afirmou no sábado ter ganhado terreno a noroeste da cidade ucraniana de Kurakhove, um importante reduto industrial na região de Donetsk, no leste do território, que Moscou disse ter conquistado no início da semana. A perda de controle da cidade, que tinha uma população de cerca de 18.000 habitantes antes da guerra, não foi confirmada oficialmente pela Ucrânia.

As tropas russas, maiores e mais bem equipadas, progrediram lentamente, mas de forma constante, em 2024, embora sem conseguir grandes avanços.

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