Entenda o significado do festival hindu que atrai o equivalente à população de EUA e Canadá à Índia
Uma multidão se reuniu no norte da Índia, nesta segunda-feira (13), para se banhar em águas consideradas sagradas pelos hindus, no início do festival religioso de Kumbh Mela, anunciado como o maior do mundo, com 400 milhões de peregrinos esperados nas próximas seis semanas.
Antes do nascer do sol, os fiéis começaram a entrar nas águas geladas onde os rios sagrados Ganges e Yamuna supostamente encontram o mítico rio Sarasvati, que aparece nas escrituras antigas, para se purificar de seus pecados.
"Sinto uma alegria tremenda", disse Surmila Devi, de 45 anos. "Para mim é como tomar banho em néctar", completou.
"Para um hindu, é uma ocasião imperdível", disse Reena Rai, uma empresária de 38 anos do estado de Madhya Pradesh, no centro da Índia, a mil quilômetros de Prayagraj, onde o rito acontece.
O primeiro-ministro nacionalista Narendra Modi descreve o ritual como uma "oportunidade divina" para reunir "um número incontável de pessoas em uma confluência sagrada de fé, devoção e cultura". Organizado a cada 12 anos, a edição deste ano, que vai até 26 de fevereiro, deve superar recordes de público.
As últimas celebrações religiosas realizadas em 2019 na cidade, anteriormente conhecida como Allahabad, reuniram 240 milhões de fiéis, segundo o governo. Para efeito de comparação, a peregrinação anual muçulmana a Meca atraiu 1,8 milhão de fiéis em 2024.
Aproximadamente seis milhões de fiéis já haviam entrado nas águas sagradas entre o amanhecer e as 9h30, segundo Sunil Kumar Kanaujia, do centro de informações do governo do estado de Uttar Pradesh, onde fica a cidade de Prayagraj.
Mesmo para o país mais populoso do mundo, com 1,4 bilhão de habitantes, relativamente acostumado à logística de celebrações em massa, receber o equivalente à população dos Estados Unidos e do Canadá durante um curto intervalo de tempo é um grande desafio.
Os organizadores instalaram 150.000 banheiros, 68.000 postes de iluminação pública e uma cidade de tendas em uma área com dois terços do tamanho de Manhattan.
"Apesar da multidão, sinto uma paz imensa", afirmou Gopal Devi Shanti Gujjar, que viajou do estado de Rajasthan, no oeste do país.
Os primeiros peregrinos começaram a se instalar no fim de semana. Para homenagear sua "cultura hindu", Sonali Bandhyopadhya não hesitou em viajar de Nevada, no oeste dos Estados Unidos.
Comitivas de elefantes
Apesar da chuva, os fiéis começaram a chegar às margens do rio no domingo em meio ao som de tambores, comitivas de elefantes e tratores carregados com estátuas de divindades hindus. Os devotos mais impacientes não esperaram o início oficial das celebrações, no amanhecer de segunda-feira, para mergulhar nas frias águas sagradas.
"Quando você entra na água, não sente mais frio", disse Chandrakant Nagve Patel, 56 anos. "É como se eu e Deus fôssemos um", acrescentou.
Os hindus acreditam que mergulhar nessas águas durante o Kumbh Mela - também chamado de Khumba Mela - purifica os pecados e traz salvação. O evento é inspirado em uma batalha mitológica entre deuses e demônios por um jarro contendo o néctar da imortalidade.
Centenas de barcos estão prontos para aqueles que não se contentam em tomar banho na praia, mas querem ir até o ponto exato da suposta confluência entre os três rios, dois reais e um mítico. A polícia indiana destacou um número significativo de agentes para garantir "segurança máxima" aos peregrinos, disse um porta-voz.
Cartazes em homenagem ao primeiro-ministro Modi, que deve participar dos ritos, estão expostos em Prayagraj. Em 2017, o Kumbh Mela foi inscrito na Lista do Patrimônio Cultural Imaterial da Unesco, que o descreveu como "o maior encontro pacífico de peregrinos do mundo".
Com AFP
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