Espanha alcança um recorde histórico ao receber 94 milhões de turistas em 2024
O número de turistas que visitaram a Espanha foi 10% maior em 2024 do que no ano anterior. O país o segundo do mundo a receber mais visitantes, atrás apenas da França. Ministro espanhol da Indústria e Turismo, Jordi Hereu classificou os dados como muito positivos e disse querer que a Espanha ganhe a "Champions League" da qualidade de experiência turística.
Ana Beatriz Farias, correspondente da RFI na Espanha
Os 94 milhões de turistas que foram à Espanha em 2024 gastaram € 126 bilhões no país, o equivalente a mais de R$ 780 bilhões. A cifra é 16% maior que no ano anterior. Os dados divulgados pelo governo espanhol têm caráter provisório e se referem ao cálculo de previsões de encerramento de ano.
Ao comentar o levantamento, o ministro da Indústria e Turismo, Jordi Hereu, classificou os índices como "espetaculares" e ressaltou algumas tendências relacionadas às viagens feitas ao país. Uma delas foi o aumento de visitas fora da alta temporada. Ao comparar 2019, último ano antes da pandemia, com 2024, percebe-se um aumento mais significativo no turismo durante os meses de baixa e média temporada em relação ao crescimento observado nos meses de alta temporada.
Geração de renda
O ministro do turismo destacou também a quantidade de empregos gerados pelo setor, adiantando os dados relativos a dezembro, que ainda serão publicados oficialmente. O emprego no turismo aumentou 3,8% no último mês do ano passado, em comparação com o mesmo mês de 2023.
Em dezembro de 2024, havia um total de 2,6 milhões de trabalhadores no setor - o maior número de contratados da série histórica. Além disso, o número de empregos temporários relacionados ao turismo diminuiu, enquanto os empregos fixos do setor aumentaram, ainda na comparação entre o último mês de 2024 e o do ano anterior.
A prefeitura de Madri também divulgou números relacionados ao turismo na temporada de fim de ano de 2024. Os dados, proporcionados pela Associação Empresarial Hoteleira de Madri, apontam que a capital teve uma média de ocupação hoteleira que chegou a 87% no fim de semana dos dias 27 e 28 de dezembro.
Além disso, as estatísticas mostram que a quantidade de turistas internacionais que visitaram a cidade durante as festas natalinas foi maior que o de turistas nacionais: 51% dos visitantes vieram de fora do país.
Prognóstico positivo
O Ministério de Turismo estima que a Espanha pode faturar, durante os primeiros quatro meses de 2025, € 36 bilhões de gasto turístico. Se a previsão se confirmar, o primeiro quadrimestre deste ano deve registrar um gasto turístico 16% maior que o do mesmo período do ano passado. O prognóstico é que passem pelo país 26 milhões de visitantes, 9% a mais que na mesma temporada de 2023.
Diante da possibilidade de que, em 2025, a Espanha venha a quebrar um novo recorde de turistas recebidos, o ministro Jordi Hereu ressaltou que o foco está no crescimento qualitativo. Ele disse que pretende "vencer a Champions League pela qualidade e não pelo recorde de público". Para Hereu, se o país consegue evoluir em termos de qualidade turística, o resto virá como consequência.
Os dois lados da equação
O aumento da presença turística na Espanha tem diferentes facetas. Em muitas das zonas mais visitadas, há movimentos contra a massificação do turismo.
No ano passado, esse discurso ganhou destaque internacional a partir de manifestações populares com forte adesão, como uma que aconteceu em julho, em Barcelona. Além de haver manifestantes percorrendo as ruas da cidade catalã pedindo a queda do turismo e entoando gritos que mandavam os turistas de volta para casa, houve até quem atirasse com pistolas de água em turistas que encontraram pelo caminho.
Uma das principais queixas dos movimentos contra o turismo de massa é o impacto sobre o mercado imobiliário. O aumento da oferta de apartamentos de aluguel por temporada torna os imóveis cada vez menos acessíveis para compra e aluguel por quem vive nas zonas turísticas.
Para frear essa tendência, a prefeitura de Barcelona anunciou que pretende acabar com todos os imóveis turísticos de aluguel por temporada até 2028. Isso significa que cerca de 10 mil imóveis voltariam ao uso residencial na cidade. A insatisfação com o turismo de massa também foi demonstrada em diferentes ocasiões em lugares como as Ilhas Baleares, as Ilhas Canárias e Málaga.
O ministro do turismo disse que fica com a mensagem positiva gerada pelas manifestações. Hereu destacou que a sustentabilidade é prioridade e que repensar a oferta e estabelecer limites é o grande trunfo dos governos e das comunidades autônomas.
O ministro afirmou que, há um ano, falava-se em não impor impostos e não limitar a oferta de forma alguma, mas que a situação mudou a partir de uma demanda legítima de que o turismo ajude a criar cidades melhores. Ele realçou que os benefícios devem ser mais compartilhados, territorial e socialmente, e que é necessário oferecer mais estabilidade e melhores salários para os trabalhadores do setor.
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