Trump ameaça impor novas sanções contra Rússia se Moscou não chegar a acordo com Ucrânia

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, garantiu nesta quarta-feira (22) que se Moscou não chegar a um acordo com a Ucrânia "agora", ele não terá "outra escolha senão impor taxas alfandegárias e sanções" sobre tudo o que a Rússia vende aos Estados Unidos e a outros países". Enquanto o exército russo continua avançando no leste da Ucrânia, uma equipe de voluntários trabalha para retirar os últimos habitantes das áreas ameaçadas.

Com informações de Julien Chavanne e Boris Vichith, enviados especiais da RFI à Ucrânia

"É hora de chegar a um acordo, escreveu o presidente americano em sua rede social Truth, assegurando: "Não procuro fazer mal a Rússia. Amo o povo russo e sempre tive um "relacionamento muito bom com o presidente Putin". 

Os Estados Unidos já impuseram várias rodadas de sanções e embargos às importações da Rússia, que foram significativamente reduzidas, de US$ 4,3 bilhões entre janeiro e novembro de 2023, para US$ 2,9 bilhões, no mesmo período do ano passado. 

Entre os produtos importados pelos Estados Unidos estão principalmente fertilizantes e metais. 

Durante a campanha eleitoral, Donald Trump prometeu acabar com a guerra na Ucrânia "em 24 horas", sem nunca explicar como faria isso acontecer. 

Desde sua posse, na segunda-feira (20), o republicano de 78 anos vem aumentando a pressão sobre seu colega russo. 

Poucas horas depois de prestar juramento, Trump garantiu que o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky "queria fazer um acordo" e julgou que, ao se recusar a fazê-lo, Vladimir Putin estava "destruindo a Rússia". 

Trump também disse repetidamente que se preparava para encontrar o presidente russo, sem dar uma data. 

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Os Estados Unidos são os principais apoiadores militares da Ucrânia. Donald Trump criticou essa ajuda durante a campanha, mas desde a posse não deixou claro se pretende manter ou diminuir o apoio a Kiev.  

Conflito segue no front

O exército russo avançou recentemente no nordeste da Ucrânia, enquanto as forças ucranianas ocupam uma pequena parte da região russa de Kursk. Ambos os lados estão tentando fortalecer suas posições enquanto aguardam para saber sobre as reais intenções do presidente americano. 

Enquanto o exército russo continua avançando no leste da Ucrânia, uma equipe de voluntários trabalha para retirar os últimos habitantes das áreas ameaçadas, a poucos quilômetros da linha de frente.

"Pomer" ("morto" em ucraniano), disse um voluntário ao se aproximar. Desta vez eles chegaram tarde demais. O idoso que a equipe Est SOS deveria resgatar morreu. "Há algum tempo ele ainda andava. Mas há alguns dias sua condição piorou, ele não conseguia mais se levantar e ficou muito fraco", diz Vladislav Arsenii, um voluntário desta ONG que trabalha na Ucrânia.

No vilarejo de Komar, a apenas 12 quilômetros do front de guerra com a Rússia, a maioria dos moradores já foi embora. Mas a cada semana, a equipe de voluntários ainda evacua entre 20 e 30 pessoas, principalmente idosos e pessoas isoladas.

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Cada vez que passam por essas pequenas cidades, eles verificam se ninguém precisa de ajuda. Durante a ronda na terça-feira (21), eles encontraram Bukeyeva Lyudmila, que se recusa a ir embora. "Por enquanto, prefiro ficar. "Sou médica e não posso deixar meus vizinhos sozinhos", diz ela.

Os voluntários seguem para Piddubne, outro vilarejo perto da linha de frente onde a equipe de Vladislav foi buscar outro homem idoso. Foi um de seus parentes que solicitou a evacuação. O idoso será levado primeiro a Dnipro, sem saber para onde irá em seguida. Ele deixa sua casa para sempre, levando apenas a bengala e duas sacolas plásticas como bagagem.

(Com RFI e AFP)

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