SOS Louvre: diretora do maior museu do mundo alerta para problemas e necessidade de reforma

O museu do Louvre, o maior do mundo, passa por dificuldades. O alerta foi  feito nesta quinta-feira (23) pelo jornal Le Parisien, que teve acesso exclusivo a uma carta enviada pela diretora da instituição, Laurence des Cars, à ministra francesa da Cultura, Rachida Dati.

 

"O Louvre pede ajuda" é a manchete do jornal Le Parisien, que estampa sua capa com uma das famosas pirâmides do museu, cercada por centenas de visitantes. Uma mensagem confidencial, cujo conteúdo é revelado pela reportagem, aponta para a urgência de uma renovação do museu devido à multiplicação de problemas no local. 

Na carta revelada por Le Parisien, a diretora do do Louvre, Laurence des Cars, não esconde a gravidade das dificuldades que a instituição enfrenta. "As salas do museu "estão chegando a um nível de obsolescência preocupante", revela.

O documento traz a descrição precisa dos principais problemas, como a degradação das estruturas, onde a variação de temperaturas chega a colocar em risco a conservação das obras.

"Teste físico"

O bem-estar e conforto dos quase nove milhões de visitantes por ano do Louvre também estão sob alerta. Des Cars descreve o passeio pelo museu como um "teste físico", sem nenhuma possibilidade de pausa ou espaço de descanso.

Na carta, a primeira diretora mulher do Louvre desde a sua criação, em 1793, explica ainda que os visitantes sofrem com a falta de sanitários e até com o calor durante os dias quentes do verão em que a circulação nos espaços debaixo das pirâmides torna o local "inóspito". 

"E agora, o que fazer", pergunta Le Parisien, lembrando que a França passa por uma grave crise financeira, em que o Estado pena para realizar cortes e fazer economias.

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O diário lembra que o financiamento dos espaços culturais está cada vez mais magro e, "em um momento em que todo mundo recebe menos, o Louvre quer mais", embora nenhum valor seja especificamente mencionado pela diretora do museu.

Selfies ou obras de arte?

Em editorial, o diário considera que a França é "vítima de seu próprio sucesso", ao ter recebido 100 milhões de turistas em 2024, e, entre eles, 7% são brasileiros.

O Louvre é, sem dúvidas, uma das paradas obrigatórias dos visitantes que desembarcam do mundo inteiro na capital francesa. No entanto, 80% ocupam um sétimo de todos os espaços das exposições: a maioria das pessoas que chega ao local corre para o primeiro andar para ver de perto a Monalisa ou a Vênus de Milo.

Por isso, além de um maior investimento para a renovação do Louvre, seria necessário também repensar a dinâmica da circulação dos visitantes, sugere o Le Parisien. O jornal sugere, por exemplo, que os celulares sejam deixados nos guarda-volumes para acabar com a aglomeração diante da célebre obra de Leonardo da Vinci.

Segundo o diário, muitos visitantes estão mais interessados em fazer selfies com a Joconda para publicá-las nas redes sociais do que admirar as obras de arte.

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