Colisão aérea em Washington: especialistas recuperam dados das duas caixas-pretas

Após a recuperação das duas caixas-pretas do voo 5342 da American Airlines na quinta-feira (30), especialistas já trabalham na análise dos dados que devem elucidar a colisão da aeronave com o helicóptero do Exército americano. O acidente é considerado o pior em quase 25 anos nos Estados Unidos, com 67 mortes confirmadas.

Luciana Rosa, correspondente da RFI em Nova York

A Agência Nacional de Segurança dos Transportes dos Estados Unidos (NTSB, sigla em inglês) divulgou imagens de especialistas retirando o material de dentro das caixas-pretas do avião da American Airlines. O organismo encarregado de determinar as origens da colisão do jato com o helicóptero militar deve divulgar um relatório sobre o acidente em até 30 dias. 

Autoridades afirmam que tanto os pilotos do voo 5342 da American Airlines quanto os do helicóptero militar estavam familiarizados com o complexo espaço aéreo dos arredores do Aeroporto Nacional Ronald Reagan, onde o acidente ocorreu. No entanto, o presidente do sindicato dos controladores de voo dos Estados Unidos alerta que ainda é cedo para especular sobre as causas da colisão.

Corpos de ao menos 14 pessoas continuam sendo procurados no rio Potomac pelos mergulhadores, que relatam muitas dificuldades nas buscas. Apesar de os destroços das aeronaves não estarem em uma grande profundidade, a lama e a baixa visibilidade atrapalham as operações.

Possíveis falhas no controle aéreo

Um relatório preliminar da Agência Federal de Aviação (FAA, sigla em inglês) revelou que a equipe na torre de controle não estava trabalhando normalmente no momento do acidente. O controlador responsável pelos helicópteros nas proximidades do aeroporto também estava orientando aviões que pousavam e decolavam ? tarefas que, normalmente, seriam divididas entre dois profissionais. Esse desajuste na escala de trabalho é apontado como um possível fator contribuinte para a tragédia.

O avião da American Airlines transportava 60 passageiros e quatro tripulantes, enquanto o helicóptero UH-60 Black Hawk do Exército realizava um voo de treinamento de rotina, com três militares a bordo. A colisão ocorreu por volta das 21h pelo horário local (23h em Brasília), durante a preparação para o pouso no Aeroporto Nacional de Washington. Pouco antes do acidente, os pilotos do avião foram instruídos a mudar a rota de aterrissagem, segundo gravações da comunicação entre o controlador de tráfego aéreo e os pilotos.

Operação do helicóptero militar

O helicóptero Black Hawk do Exército era pilotado por uma equipe experiente do 12º Batalhão de Aviação, responsável por transportar autoridades e VIPs na região. De acordo com fontes ouvidas pelo jornal The New York Times, o helicóptero estava fora de sua rota prevista no momento da colisão, voando em uma posição diferente e mais alta do que o recomendado.

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A tragédia pode levar a uma revisão dos treinamentos de voo em áreas congestionadas nos Estados Unidos, especialmente em regiões próximas a aeroportos movimentados.

Em coletiva de imprensa na quinta-feira, o presidente Donald Trump prometeu uma investigação detalhada, mas também criticou políticas de diversidade da Agência Federal de Aviação implementadas por governos anteriores. Ele sugeriu que essas políticas poderiam ter contribuído para o acidente, embora não tenha apresentado evidências concretas. 

Trump também elogiou a experiência dos pilotos envolvidos, mas reforçou a necessidade de "pessoas brilhantes" na FAA. "Eu ponho a segurança em primeiro lugar. Obama, Biden e os democratas puseram a política em primeiro lugar", disse. "De fato, saíram com uma diretiva: 'Branco demais'. E nós queremos as pessoas que são competentes", acrescentou o líder republicano.

Ao ser questionado se visitaria o local do acidente, Trump fez um comentário sarcástico que viralizou na redes sociais. "Você me diz, qual é o local? A água? Quer que eu nade?" 

Vítimas do acidente

Entre os passageiros do voo, estavam patinadores artísticos, treinadores e familiares que retornavam de um campeonato nacional em Wichita, no Kansas. Entre as vítimas identificadas estão os treinadores russos Evgenia Shishkova e Vadim Naumov, campeões mundiais de duplas em 1994. A federação de patinação dos Estados Unidos emitiu um comunicado expressando pesar pela tragédia.

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Além disso, três estudantes e seis pais de alunos do sistema de ensino público do Condado de Fairfax, na Virgínia, também estavam entre as vítimas. 

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