El Salvador propõe receber prisioneiros detidos nos Estados Unidos

O presidente salvadorenho, Nayib Bukele, propôs na segunda-feira (3) receber em seu país prisioneiros detidos nos Estados Unidos. A medida foi bem acolhida pelo secretário de Estado americano Marco Rubio, que estava em visita ao país.

"Propusemos aos Estados Unidos transferir parte do seu sistema penitenciário", afirmou no X (antigo Twitter) o presidente salvadorenho, conhecido por sua postura rigorosa na luta contra o crime. "A tarifa seria bastante modesta para os Estados Unidos, mas seria significativa para nós e nos permitiria financiar todo o nosso sistema penitenciário", acrescentou ele.

Segundo Marco Rubio, a oferta de El Salvador é sem precedentes e se aplica "inclusive para cidadãos americanos e aqueles com permissão de residência". "Nenhum país jamais fez uma oferta tão amigável", destacou o chefe da diplomacia americana após uma reunião com Nayib Bukele em San Salvador. "Estamos profundamente gratos a ele. Falei sobre isso com o presidente Trump", completou Rubio.

Marco Rubio citou, entre outros, as gangues latino-americanas MS-13 de El Salvador e Tren de Aragua da Venezuela, que também operam nos Estados Unidos e cujos membros possuem cidadania americana.

Capacidade para 40.000 detentos

Donald Trump anunciou sua intenção de acabar com o direito de solo, garantido pela Constituição dos Estados Unidos, e realizar expulsões em massa de imigrantes ilegais. Ele disse querer transferir 30.000 deles para a prisão localizada na base militar de Guantánamo, em Cuba.

Nayib Bukele foi reeleito com mais de 80% dos votos no ano passado, uma vitória atribuída à sua luta radical contra as gangues, que reduziu a criminalidade no país, apesar das críticas de organizações de defesa dos direitos humanos.

No ano passado, Bukele inaugurou a maior prisão da América Latina, localizada perto de Tecoluca, a 75 km da capital, San Salvador. Com capacidade para 40.000 detentos, a estrutura abriga atualmente 15.000 pessoas, segundo estimativas.

Fortalecer a relação diplomática entre os dois países

Donald Trump cancelou um decreto da administração Biden que oferecia proteção contra a expulsão a cerca de 600.000 venezuelanos, mas, por enquanto, não alterou o estatuto de 232.000 salvadorenhos que podem ser deportados. Segundo Marco Rubio, El Salvador está disposto a receber seus próprios cidadãos, assim como os de outros países.

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O presidente Bukele elogiou a cooperação com os Estados Unidos, "nosso parceiro mais importante, com quem devemos fortalecer ainda mais nossas relações". "Não escondemos nossa simpatia" por Trump, acrescentou Bukele, afirmando que "este é o momento certo para fortalecer a relação diplomática".

Durante a visita de Rubio, que realiza uma miniturnê pela América Central, os Estados Unidos e El Salvador anunciaram a assinatura de um acordo de cooperação no campo da energia nuclear civil, que Bukele deseja desenvolver.

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