Com 12 filmes, Brasil dobra presença na Berlinale e mostra "saúde criativa" do cinema nacional

Doze filmes representam o Brasil em 2025 na 75ª edição da Berlinale, o Festival Internacional de Cinema de Berlim, o dobro que na edição passada, consolidando a presença do audiovisual brasileiro em grandes mostras e vitrines internacionais. A seleção brasileira estará presente em Berlim de 13 a 23 de fevereiro em quase todas as categorias do festival alemão, uma demonstração da "saúde criativa" do cinema brasileiro, segundo Eduardo Valente, delegado da Berlinale para o Brasil.

Grandes artistas do cinema são esperados nas estreias da edição de aniversário de 75 anos do festival, que acontece na capital alemã: o diretor alemão indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro por "Conclave", Edward Berger, comendará a homenagem à vencedora do Urso de Ouro Honorário, a atriz Tilda Swinton, na Cerimônia de Abertura. Além disso, o festejado cineasta sul-coreano Bong Joon Ho - diretor de "Parasita", que ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes e, em seguida, quatro Oscars - e seu astro Robert Pattinson apresentarão seu filme mais recente, e a estrela Timothée Chalamet interpretará ao vivo canções de Bob Dylan, para promover sua nova biopic.

Mas o ano de 2025 vem desenrolando o tapete vermelho também para o cinema brasileiro e parece que em Berlim não será diferente. Para Eduardo Valente, "a seleção brasileira deste ano é muito interessante exatamente porque, de uma forma ou de outra, ela atravessa transversalmente muitos formatos e diversas seções, cada uma com perfis bem diferentes, como acontece na Berlinale". Segundo ele, "isso, de certa forma, sinaliza uma maturidade e uma saúde criativa do cinema e do audiovisual brasileiro, por conseguir se destacar em contextos tão variados", avalia.

Brasil na disputa pelo Urso de Ouro, mas não apenas...

Valente reflete sobre a diversidade da participação brasileira no festival. "Temos, por exemplo, um longa na competição principal (O Último Azul", de Gabriel Mascaro), que é a principal vitrine do festival. Mas a presença brasileira vai além disso, alcançando a seção Forum e a Forum Expanded, que são espaços dedicados a obras mais experimentais e artísticas", avalia.

A Berlinale também vai dar destaque a filmes antigos brasileiros restaurados, como "Iracema", considerados clássicos, e produções atuais, que são a maioria, incluindo curtas, longas e até mesmo uma série na seleção oficial, dentro da seção Generation. "Essa seção, em particular, é interessante porque inclui apenas três produções de todo o mundo na programação deste ano, o que demonstra o forte interesse que essa série brasileira despertou", aponta Valente.

Diversidade brasileira sob os holofotes

Para ele, a diversidade é um "sinal claro da amplitude do cinema brasileiro". "Temos desde diretores iniciantes até cineastas já conhecidos e com histórico na Berlinale. Isso é relevante, porque mesmo entre os curtas, que costumam ser primeiros filmes, vemos casos de diretores que já participaram de outras edições do festival", afirma Eduardo Valente, que também é diretor, roteirista e curador de mostras, além de participar de diversos festivais internacionais.

"Continuidade do cinema brasileiro"

"No Fórum Expanded, por exemplo, Felipe Bragança já esteve presente com outros filmes, assim como Caru Alves de Souza, Rafaela Camelo, Anna Muylaert e Gabriel Mascaro, entre outros. Realizadores como Márcio Reolon e Felipe Matzembacher também retornam à Berlinale, o que demonstra uma continuidade na presença brasileira", analisa Valente.

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"Essa presença abrangente é algo que poucos países conseguem dentro da seleção geral do festival, estando representados em praticamente todas as seções, com longas, curtas e séries. Além disso, há uma delegação considerável no Berlinale Talents, que é um programa importante para novos profissionais do cinema, e um projeto brasileiro selecionado para o Co-Production Market. Também se destacam três séries no Berlinale Series Market, uma iniciativa do mercado do festival que também possui um processo seletivo rigoroso", ressalta Valente.

O Brasil também marcou presença no World Cinema Fund no final do ano passado: em praticamente todos os espaços da Berlinale existe alguma representação brasileira. Para Valente, "isso indica uma maturidade e um processo de consolidação da presença do Brasil no festival berlinense".

"Voltamos a ter um número de participações similar ao que foi registrado entre 2017 e 2020, período em que até superamos essa quantidade", destaca.

"Com a pandemia, o festival foi reduzido e se concentrou mais em algumas seções, e a própria produção brasileira sofreu impactos durante a pandemia e o governo Bolsonaro. Nos últimos anos, ainda tivemos uma presença relevante, mas com números totais menores. Agora, mesmo com o festival mantendo um formato mais enxuto, voltamos a níveis similares aos de sete ou oito anos atrás, o que é uma sinalização muito positiva", conclui o diretor.

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