Trump diz que EUA vão assumir a Faixa de Gaza e insiste que Egito e Jordânia devem acolher palestinos
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na terça-feira (4), após se reunir com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, seu plano para a Faixa de Gaza e os palestinos, causando estupefação mundial. Ele prometeu que os Estados Unidos vão tomar o controle da região e "transformá-la na Cote d'Azur do Oriente Médio".
Henry Galsky, correspondente da RFI em Israel.
Trump declarou que em breve, os Estados Unidos irão tomar conta da Faixa de Gaza. Segundo ele, os EUA vão desenvolver a região e serão capazes de criar "um número ilimitado de empregos e moradias para a população" local.
De acordo com Trump, todos com quem ele falou "amam a ideia de os Estados Unidos" assumirem Gaza, desenvolverem a região e criarem milhares de empregos. Novamente, o presidente americano insistiu na ideia de que, durante a reconstrução do território, Egito e Jordânia acolham os palestinos. "Eles não vão me dizer não. Quero remover todos os moradores de Gaza. Isso vai acontecer", disse.
"Há aproximadamente 1,8 milhão de pessoas [em Gaza], e todas elas podem viver em algum lugar sem temer por suas vidas todos os dias", completou. O plano é rejeitado pelos palestinos e também pelos líderes de Egito e Jordânia.
Em declaração, o oficial sênior do Hamas Sami Abu Zuhri voltou a afirmar que a população da Faixa de Gaza não aceita os planos do presidente norte-americano. "O que é necessário é o fim da ocupação e da agressão contra o nosso povo, não a expulsão da sua terra", escreveu.
President Trump on securing PEACE in Gaza: "The U.S. will take over the Gaza strip ... and be responsible for dismantling all of the dangerous, unexploded bombs and other weapons on the site ... create an economic development that will supply unlimited numbers of jobs and housing... pic.twitter.com/sr3rnO0fE4
? Rapid Response 47 (@RapidResponse47) February 5, 2025
Relações entre Israel e Arábia Saudita
Ao lado de Trump, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que está comprometido em estabelecer relações diplomáticas com a Arábia Saudita.
Após a reunião com o líder israelense, Donald Trump disse que a Arábia Saudita não fez exigências para a criação de um Estado palestino como condição para um acordo com Israel. No entanto, logo na sequência os sauditas emitiram um comunicado oficial negando as declarações de Trump.
"Não manteremos relações com Israel sem o estabelecimento de um estado palestino. Nossa posição sobre os palestinos não é negociável", diz o texto.
Há outro contexto que repercute em Israel: autoridades israelenses disseram ao Jerusalem Post que temiam que Netanyahu estivesse disposto a acabar com a guerra em Gaza e atrasar a anexação da Cisjordânia em troca de um acordo de normalização com a Arábia Saudita.
Na Cisjordânia, o maior território palestino, vivem cerca de 3 milhões de palestinos e 500 mil israelenses. Os israelenses vivem em assentamentos considerados ilegais pela comunidade internacional.
Alguns dos nomes da atual coalizão de governo israelense defendem o projeto de anexação da Cisjordânia por Israel.
Em 2020, Netanyahu desistiu da intenção de anexar partes deste território em função dos Acordos de Abraão, que normalizaram os laços de Israel com vários Estados árabes, como Emirados Árabes Unidos e Bahrein. Lideranças dos assentamentos israelenses temem que o primeiro-ministro israelense repita a mesma estratégia. Eles escreveram uma carta pedindo a Netanyahu para não desistir da anexação da Cisjordânia como parte de um possível novo acordo regional com a Arábia Saudita.
Alteração da equipe de negociadores israelenses
Benjamin Netanyahu considera a possibilidade de substituir a liderança da equipe do país responsável pelas negociações do acordo de cessar-fogo em vigor com o Hamas. No lugar de Ronen Bar, chefe do Shin Bet, o seviço de segurança interno, o ministro de Assuntos Estratégicos Ron Dermer poderia assumir a posição.
Uma das avaliações em Israel é que a presença de Dermer na equipe permitiria ao primeiro-ministro "coordenar ao máximo" suas posições. Dermer é um aliado histórico de Netanyahu.
Diante disso, há temor por parte dos familiares dos reféns israelenses de que o premiê procure tratar o acordo como um assunto mais político que humanitário, colocando em risco o prosseguimento da segunda fase.
Após a reunião com o enviado para o Oriente Médio dos EUA, Steve Witkoff, o gabinete de Netanyahu emitiu um comunicado onde afirma que "Israel se prepara para que a delegação de trabalho siga para Doha no final desta semana para discutir detalhes técnicos relacionados à implementação contínua do acordo".
A nota também informa que "ao retornar dos EUA, o primeiro-ministro Netanyahu reunirá o Gabinete de Segurança para discutir as posições gerais de Israel em relação à segunda etapa do acordo".
Netanyahu vai permanecer no final de semana em Washington e deve retornar a Israel no domingo.
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