Ucrânia: Zelensky 'pronto' para negociações com Putin; Kremlin considera declarações 'sem sentido'

Em entrevista concedida na terça-feira (4), o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky afirmou estar pronto para negociações diretas com seu homólogo russo, Vladimir Putin, e outros líderes, com o objetivo de encerrar a guerra iniciada há quase três anos. Nesta quarta-feira (5), o Kremlin classificou as declarações do representante de Kiev como "sem sentido".

Com informações de Emmanuelle Chaze, correspondente da RFI em Kiev, e agências

"Putin é um assassino e um terrorista. [...] Falar com um assassino é um problema para a Ucrânia e para todo o mundo civilizado", declarou Volodymyr Zelensky durante uma entrevista ao apresentador britânico Piers Morgan, admitindo, no entanto, que os aliados de Kiev "acreditam que a diplomacia é o caminho a seguir".

Questionado sobre a possibilidade de negociar com Vladimir Putin, o presidente ucraniano respondeu que o faria "se essa for a única configuração na qual podemos trazer paz aos cidadãos da Ucrânia e parar de perder pessoas". Nesse caso, "aceitaremos essa configuração, essa reunião com quatro participantes", disse ele na entrevista transmitida no canal do YouTube Piers Morgan Uncensored.

Zelensky não especificou quem seriam os outros participantes, mas, um pouco antes, Piers Morgan mencionou a hipótese de negociações entre Ucrânia, Rússia, Estados Unidos e União Europeia.

Reação russa

"O fato de estar pronto [para negociar] deve se basear em algo. [...] Até agora, isso só pode ser visto como palavras sem sentido", reagiu o porta-voz da presidência russa.

Dmitry Peskov destacou novamente que Zelensky proibiu, em outubro de 2022, por decreto, qualquer negociação enquanto Putin estiver no poder na Rússia.

Essa decisão foi uma resposta à ação do Kremlin de reivindicar a anexação de quatro regiões ucranianas. "Apesar de tudo, continuamos abertos a negociações", acrescentou Peskov, argumentando que "a realidade no terreno" deveria convencer Kiev a "mostrar abertura e interesse por tais negociações".

Continua após a publicidade

Volodymyr Zelensky foi durante muito tempo categoricamente contra qualquer compromisso com a Rússia, mas revisou alguns pontos de sua posição nos últimos meses devido às dificuldades enfrentadas por seu exército na linha de frente e, principalmente, desde o retorno de Donald Trump à Casa Branca, que afirma querer encerrar rapidamente o conflito.

Negociações hipotéticas

As negociações permanecem, no entanto, hipotéticas, pois nenhum elemento concreto foi apresentado e as posições de Moscou e Kiev continuam muito distantes. Putin declarou no final de janeiro estar aberto a negociações para encerrar o conflito na Ucrânia, mas rejeitou discussões diretas com o líder ucraniano, afirmando não ver "vontade" por parte de Kiev. "Se o presidente ucraniano quiser participar de negociações, escolherei as pessoas que conduzirão essas negociações", disse ele, considerando Zelensky "ilegítimo".

Zelensky afirma que qualquer acordo de paz em potencial deve conter garantias de segurança sólidas para seu país por parte dos ocidentais. O Kremlin, por sua vez, exige, em substância, que a Ucrânia se renda, que desista de ingressar na OTAN e que a Rússia mantenha os territórios ucranianos cuja anexação reivindicou.

A população ucraniana está cansada da guerra, das perdas humanas e da perda de território. Cada vez mais pessoas estão dispostas a considerar negociações, embora isso ainda não represente a maioria da população. No entanto, os ucranianos não estão necessariamente prontos para aceitar uma reunião com Vladimir Putin.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.