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Buddha Blue: droga líquida viraliza entre jovens por 'explodir seu crânio'

A Agência Francesa de Medicamentos (ANSM) fez um alerta nesta quinta-feira (6) sobre os "sérios riscos para a saúde" que envolvem o uso de um canabinoide sintético conhecido como "Buddha Blue" ou PTC (Pète ton Crâne, ou Explode seu Crânio em tradução livre). As substâncias derivadas da planta Cannabis vêm se popularizando entre os adolescentes franceses através das redes sociais. O monitoramento da droga, iniciado em 2019, inclui 215 casos de intoxicação e uma morte entre 2021 e 2022.

A Buddha Blue ou PTC é consumida em cigarros eletrônicos e vendida em formas de "e-líquidos" nos arredores das escolas na região parisiense e no leste da França. O custo para um usuário frequente é de cerca de 10 euros por semana, quatro vezes menos do que a maconha, disse Charles*, 25 anos, em entrevista ao jornal francês Le Figaro.

Segundo ele, que utiliza a substância há vários anos, o produto age bem mais rápido do que a maconha. Ele diz que não sabe "o que fará se não achar mais a droga", e que não é "tão simples" achar um vendedor.

De acordo com a agência, os efeitos colaterais da "Buddha Blue" incluem transtornos psiquiátricos - alucinações, pensamentos suicidas, ataques de pânico -, distúrbios digestivos (náuseas, vômitos, dor abdominal) e cardiovasculares (taquicardia, dor no peito).

Outras reações adversas são problemas renais, síndrome de abstinência, amnésias, perda de consciência e convulsões. A inalação do produto em cigarros eletrônicos pode "tornar a ação da substância ainda mais rápida", alerta a agência.

"A promoção de práticas perigosas nas redes sociais exige vigilância", diz Agnès Laforest-Bruneaux, vice-diretora da ANSM. Os adolescentes inalam os e-líquidos, "obtidos na internet, na rua ou dados por colegas de classe". Esses produtos, diz, "são muito concentrados" e muitas vezes os usuários "não se sentem bem, têm taquicardia, alucinações, perdem o vínculo com a realidade e vão para o Pronto-Socorro".

"Os canabinoides são narcóticos proibidos e apresentam sérios riscos à saúde, apesar de modo de consumo ser percebido como menos arriscado", alerta Laforest-Bruneaux.

O chamado "PTC" pode conter "vários canabinoides sintéticos, substâncias que imitam o efeito da cannabis, mas cuja potência pode ser maior", diz a ANSM. O monitoramento da droga, iniciado em 2019, inclui 215 casos de intoxicação e uma morte na França no período entre 2021 e 2022 e 139 entre 2023 e 2024.

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Progressão do vício entre os mais jovens

"No final de 2024, recebemos relatos muito próximos de reações adversas graves em estudantes do ensino médio, o que exigiu hospitalizações bastante longas durante os anos de 2023 e 2024. Metade dos casos são graves e metade envolve menores", explicou a Agência Francesa de Medicamentos (ANSM).

O risco de dependência também é alto "a médio e longo prazo" para os "usuários crônicos", que inclui sintomas de abstinência, principalmente entre os usuários mais jovens", diz Laforest-Bruneaux. A diretora da agência francesa lembra que a fabricação de misturas "caseiras" de produtos que "aumentam o risco de intoxicação pode levar a hospitalizações".

(Com informações da AFP)

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