Mês de janeiro foi o mais quente de todos os tempos, alerta observatório europeu Copernicus

O mês passado foi o janeiro mais quente já registrado no planeta, anunciou nesta quinta-feira (6) o observatório europeu Copernicus, lembrando que o recorde estabelecido há um ano foi quebrado.

Apesar do fenômeno 'La Niña', que tem um efeito de resfriamento, janeiro de 2025 teve um aumento da temperatura média de 1,75°C em comparação ao mesmo mês, desde o período pré-industrial.

O recorde coincide com o aumento das emissões de gases de efeito estufa provocadas pelo homem. Os cientistas esperavam que o período excepcional chegasse ao fim após o fenômeno de 'El Niño' e a mudança gradual das condições para 'La Niña', com efeitos opostos.

O 'El Niño' está relacionado ao aquecimento anômalo das águas do oceano Pacífico e alcançou o ponto máximo em janeiro de 2024

Mas o calor prossegue em nível recorde ou quase recorde desde então, o que gerou um debate entre os cientistas sobre outros fatores que poderiam estar impulsionando o aquecimento acima das expectativas.

"Isso é o surpreendente, não estamos vendo o efeito de resfriamento, ou pelo menos um freio temporário, na temperatura global que esperávamos ver", disse Julien Nicolas, um cientista do observatório Copernicus, à AFP.

A expectativa é de um fenômeno 'La Niña' fraco e de curta duração.

Segundo o Copernicus, as temperaturas predominantes em partes do Oceano Pacífico equatorial sugerem "uma desaceleração ou estagnação da transição para 'La Niña'". Os efeitos poderiam desaparecer completamente até março.

No mês passado, o observatório afirmou que as temperaturas médias globais de 2023 e 2024 superaram 1,5ºC pela primeira vez.

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Limite próximo

Isso não representou uma ruptura permanente do objetivo de aquecimento a longo prazo de 1,5ºC sob o Acordo do Clima de Paris, mas é um sinal claro de que o limite está próximo.

Os cientistas alertam que cada fração de grau de aquecimento acima de 1,5ºC aumenta a intensidade e a frequência de eventos climáticos extremos, como ondas de calor, chuvas intensas e secas.

Segundo o Copernicus, o gelo marinho do Ártico atingiu um recorde mínimo mensal em janeiro, virtualmente empatado com 2018.

Em geral, os cientistas não esperam que 2025 siga 2023 e 2024: as previsões indicam que será o terceiro ano mais quente já registrado.

O Copernicus destaca que vai monitorar com atenção redobrada as temperaturas oceânicas durante 2025, em busca de pistas sobre a direção que será tomada pelo clima.

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Os oceanos são um regulador climático vital e um sumidouro de carbono. Águas mais frias podem absorver maiores quantidades de calor da atmosfera, ajudando a reduzir a temperatura do ar.

A massa de água que cobre dois terços do planeta também armazena 90% do calor excessivo capturado pela liberação humana de gases do efeito estufa.

"Este calor está destinado a ressurgir periodicamente", disse Nicolas.

Mares quentes

As temperaturas da superfície do mar foram excepcionalmente quentes em 2023 e 2024. O Copernicus informou que as medições de janeiro foram as segundas mais elevadas já registradas.

"Isso é o que é um pouco desconcertante: por que permanecem tão quentes?", questiona Nicolas.

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Bill McGuire, um climatologista do University College London, disse que é "assombroso e francamente assustador" que janeiro tenha permanecido em máximos históricos, apesar da aparição de 'La Niña'.

Mas Joel Hirschi, do Centro Nacional de Oceanografia do Reino Unido, declarou que a persistência do calor recorde com 'La Niña' não é algo sem precedentes. Ele destacou padrões similares após as recentes fases do 'El Niño'.

"As temperaturas globais da superfície do mar são um pouco menores que em 2024 e provavelmente permanecerão menores à medida que avançarmos em 2025", disse. Hirschi acrescentou que não se deve tirar muitas conclusões com os dados de um único mês.

Com informações da AFP

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