Venezuela diz que confisco de avião é 'roubo descarado', mas mantém contato com EUA

A Venezuela qualificou apreensão de uma segunda aeronave na República Dominicana pelos Estados Unidos, nesta sexta-feira (7), de "roubo descarado". O governo do país também chamou o chefe da diplomacia americana, Marco Rubio, um ferrenho crítico do presidente esquerdista Nicolás Maduro, de "ladrão de aviões". As relações entre os dois países são complexas, mas, por trás das tensões constantes, ainda há diálogo. 

Com informações de Alice Campaignolle, correspondente da RFI em Caracas, e agências 

"A República Bolivariana da Venezuela denuncia ao mundo o roubo descarado de uma aeronave de propriedade da nação venezuelana, executado por ordem do secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio", indicou a chancelaria venezuelana em um comunicado. "Marco Rubio, de mercenário do ódio a ladrão de aviões!", acrescentou o texto.

A Venezuela ainda assegurou que "tomará todas as ações necessárias para denunciar este roubo e exigir a devolução imediata de sua aeronave".

Trata-se do segundo avião da Venezuela apreendido pelos Estados Unidos  em menos de um ano, mas o primeiro do governo de Donald Trump. Em seu primeiro mandato, ele impôs um conjunto de sanções contra a Venezuela, incluindo um embargo petrolífero, na tentativa de derrubar Maduro.

"A apreensão dessa aeronave venezuelana, usada para burlar as sanções dos Estados Unidos e a lavagem de dinheiro, é um exemplo marcante de nossa determinação em responsabilizar o regime ilegítimo de Maduro por suas ações ilegais. Juntamente com a República Dominicana e nossos parceiros regionais, continuaremos a impedir qualquer esquema para burlar as sanções dos EUA", escreveu o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, na rede social X.

O caso da aeronave venezuelana confiscada na República Dominicana na quinta-feira (6) é mais um episódio no relacionamento tempestuoso entre Washington e Caracas. Uma relação complexa, composta de negociações secretas e anúncios públicos, às vezes provocativos, mas que às vezes também deixam a porta aberta para o diálogo.

"Novo começo"?

A apreensão na República Dominicana, por exemplo, ocorreu apenas seis dias após a visita a Caracas do enviado especial de Donald Trump, Richard Grenell. O encontro foi descrito por Maduro como um "novo começo" e levou à libertação de seis americanos detidos na Venezuela. Em contrapartida, o presidente venezuelano pediu que todas as sanções contra seu país fossem suspensas.

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Washington não está disposto a abrir mão das sanções. No entanto, o governo de Donald Trump está mantendo a licença da empresa americana Chevron, que pode, portanto, continuar a extrair petróleo na Venezuela.

Embora as relações diplomáticas entre os dois países tenham sido totalmente interrompidas há seis anos, Nicolás Maduro está tentando manter canais de comunicação com o novo governo Trump, para o bem da economia de seu país, mas também para ser reconhecido como chefe de Estado, já que sua reeleição no ano passado foi contestada em todo o mundo.

Maduro foi declarado vencedor para um terceiro mandato consecutivo (2025-2031) pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), sem que a contagem detalhada dos votos fosse divulgada, como exige a lei. O órgão eleitoral assegurou que seus sistemas foram hackeados, uma tese que especialistas eleitorais consideram improvável.

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