Violência sexual contra crianças cresceu 1000% no Haiti em 2024, mostra relatório da Unicef
A violência sexual contra crianças no Haiti aumentou cerca de 1000% no ano passado, de acordo com um relatório publicado pela Unicef (agência da ONU para a infância), nesta sexta-feira (7). O documento também alerta sobre o recrutamento de menores por gangues.
"O aumento impressionante de 1.000% nos casos de violência sexual contra crianças no Haiti transformou seus corpos em campos de batalha", disse à imprensa o porta-voz da Unicef, James Elder, em Genebra. Segundo ele, "grupos armados infligem horrores inimagináveis às crianças" no país, tomado pela violência de gangues que controlam 85% da capital, Porto Príncipe.
As crianças haitianas também são recrutadas por gangues que aterrorizam a capital. As autoridades locais não conseguem controlar o fenômeno, apesar do apoio da polícia queniana e da comunidade internacional.
Apenas em 2024, "o recrutamento de crianças para grupos armados aumentou em 70%. Hoje, metade de todos os membros de grupos armados são crianças, algumas com apenas oito anos de idade", disse Elder, que acaba de voltar do país.
"Muitas são sequestradas à força. Outras são manipuladas ou levadas, vítimas da pobreza extrema. É um ciclo vicioso: as crianças são recrutadas por grupos que alimentam seu próprio sofrimento", insistiu, lembrando que 1,2 milhão de crianças "vivem sob constante ameaça de violência" no Haiti, o país mais pobre das Américas.
EUA voltam atrás e liberam ajuda
Na quinta-feira, o secretário de Estado do governo Trump, Marco Rubio, concordou em revogar o congelamento da ajuda dos EUA à missão de segurança da ONU no Haiti e autorizou o desbloqueio de US$ 40,7 milhões (R$ 235 milhões) em assistência à Polícia Nacional Haitiana e à missão multinacional.
"Infelizmente, hoje grande parte desse território é controlada por gangues, bem armadas e perigosas, e é preciso lidar com isso", disse Rubio durante uma declaração conjunta com o presidente dominicano, Luis Abinader, em sua visita à República Dominicana, vizinha do Haiti.
"O primeiro objetivo é pacificar" e "neste momento, a única opção é a missão que existe e continuaremos a apoiá-la, mas temos que entender que ela precisa se expandir", enfatizou. Rubio também disse ter conversado com William Ruto, presidente do Quênia, país que lidera as forças multinacionais enviadas ao Haiti.
Com informações da AFP
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