Zelensky diz que novos ataques russos na Ucrânia mostram que Putin "não se prepara para a paz"

Os novos ataques russos com mísseis e drones contra Kiev nesta quarta-feira (12) são uma prova de que o dirigente russo, Vladimir Putin, não está disposto a colocar um fim à invasão na Ucrânia. A afirmação foi feita pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que na véspera se disse disposto a "trocas de territórios" com a Rússia.

Cinco distritos de Kiev foram alvo de ataques russos nesta manhã, segundo o prefeito da capital ucraniana, Vitali Klitschko. Ao menos uma pessoa morreu e três ficaram feridas.

As novas hostilidades são prova de que "Putin não se prepara para a paz. Ele continua matando ucranianos e destruindo cidades", indicou Zelensky em uma mensagem online. Para ele, "apenas medidas fortes e pressão sobre a Rússia podem colocar um fim a este terror". 

O presidente ucraniano ainda disse acreditar que "uma saída justa à guerra" só será encontrada com "união e apoio de todos os aliados". Na véspera, em entrevista ao jornal britânico The Guardian, Zelensky se declarou disposto a uma troca de territórios com a Rússia, no âmbito de eventuais negociações de paz mediadas pelos Estados Unidos.

Segundo ele, caso o presidente americano consiga convencer a Rússia a dialogar, "trocaremos um território contra outro". Por outro lado, Zelensky disse ignorar qual região a Ucrânia pediria em retorno. 

Já Moscou classificou essa possibilidade de "impossível" nesta quarta-feira. "A Rússia nunca discutiu e nunca discutirá uma troca envolvendo o seu território", afirmou o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov. Segundo ele, as forças ucranianas que ocupam parte da região russa de Kursk, perto da fronteira entre os dois países, serão "aniquiladas" ou "expulsas".

Encontro com Vance

Zelensky se reunirá na sexta-feira (14) com o vice-presidente americano, J.D. Vance na Cúpula sobre a Segurança em Munique, na Alemanha. O enviado especial dos Estados Unidos para a Ucrânia, Keith Kellogg, e o secretário de Estado Marco Rubio também participarão do evento.  

Durante sua campanha eleitoral, o presidente americano, Donald Trump, prometeu agir em prol do fim da guerra, inclusive pressionando Kiev.  A Ucrânia recebeu uma imensa ajuda militar dos Estados Unidos durante a gestão de Joe Biden, mas a política não será a mesma no novo mandato do republicano.

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Na segunda-feira (10), em entrevista ao canal Fox News, Trump sugeriu que a Ucrânia pode cair sob o domínio russo "algum dia". O presidente americano ainda propôs que Kiev compartilhe seus recursos naturais em troca da assistência dos Estados Unidos, evocando "US$ 500 bilhões em terras raras".

O presidente americano se referiu a "regiões tremendamente valiosas" da Ucrânia, ricas em petróleo e gás. "Quero ter nosso dinheiro garantido, porque estamos gastando centenas de bilhões de dólares", afirmou referindo-se à ajuda militar dos Estados Unidos à Ucrânia. 

Ucrânia enfrenta dificuldades 

Sem certezas sobre a continuação do apoio americano, a Ucrânia está em uma posição difícil, ao mesmo tempo em que o exército russo avança em seu território. Nos últimos meses, Kiev e Moscou intensificaram os ataques mútuos contra as infraestruturas energéticas.

Já os bombardeios em Kiev desta quarta-feira provocaram danos e incêndios em quatro pontos da capital. O chefe do gabinete da presidência ucraniana, Andrii Yermak, afirmou que os sistemas de defesa aérea ainda estavam operando para repelir outros mísseis balísticos. 

Na terça-feira (11), Moscou também reivindicou a tomada de mais um vilarejo ucraniano na região ucraniana de Donetsk, no leste. A localidade fica a cerca de dez quilômetros de Dnipropetrovsk, à qual as forças russas poderão chegar em breve pela primeira vez.

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(Com  AFP

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