Encontro entre Trump e Putin pode 'levar meses', diz Kremlin sobre guerra na Ucrânia

Enquanto aumenta a expectativa sobre uma possível solução para o conflito na Ucrânia, após entrada de Donald Trump em negociações com Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky, o Kremlin informou nesta quinta-feira (13) que "nenhuma decisão" foi tomada imediatamente sobre a data para uma reunião entre os líderes russo e americano, acrescentando que isso pode levar "vários meses".

"Até agora, nenhuma decisão foi tomada (...) Levará tempo para se preparar tal reunião. Pode levar semanas, ou um mês, ou vários meses", disse o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov, em uma entrevista ao canal russo Pervy Kanal.

Em uma conversa telefônica de uma hora e meia com Donald Trump na quarta-feira (12), Vladimir Putin, que está no poder há um quarto de século, concordou em negociar "imediatamente" o fim do conflito na Ucrânia. A guerra já deixou dezenas de milhares de mortos e feridos na Ucrânia e na Rússia.

Quando Vladimir Putin lançou seu ataque militar à Ucrânia, há três anos, os Estados Unidos e a União Europeia intensificaram os esforços para isolar Moscou. 

Entre os líderes europeus, apenas o húngaro Viktor Orban e o eslovaco Robert Fico continuaram a apoiar Putin.

Banido pelo Ocidente desde fevereiro de 2022, Putin emergiu das sombras graças ao chamado de Donald Trump, que abre caminho para negociações de paz com o russo.  

Para sua consternação, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e os líderes europeus foram informados deste telefonema somente após a conversa.

Zelensky admitiu que "não foi muito agradável" que Trump tenha falado primeiro com Putin ao telefone. Ele pediu que Washington e Kiev concordassem com um plano para "parar" Putin, antes de qualquer discussão.

Nos Estados Unidos, o antecessor de Trump, o democrata Joe Biden, chegou a chamar o líder russo de "ditador sanguinário", recusando qualquer contato com Putin durante três anos.

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Tratado como um pária no Ocidente, Putin manteve o apoio de seus parceiros dentro do grupo dos BRICS, incluindo China e Índia, e de seus aliados mais próximos na antiga URSS nos últimos três anos. Ele também avançou seus peões na África e Ásia.

"A paciência de Putin valeu a pena", disse à AFP a analista russa Tatiana Stanovaïa, radicada no exterior. Ela acredita que o presidente russo "trabalhou incansavelmente para ganhar o apoio de Trump sendo complacente, mostrando flexibilidade e disposição para chegar a um acordo".

Reunidos em Paris, na quarta-feira (12), os ministros das Relações Exteriores de seis países europeus e o chanceler ucraniano alertaram, no entanto, que a Europa e Kiev devem "participar de qualquer negociação" sobre uma solução para a guerra na Ucrânia.

Pentágono pede Otan "grande"

O chefe do Pentágono pediu nesta quinta-feira para "tornar a Otan grande novamente", fazendo uma referência à famosa frase de Donald Trump (Make America Great Again, faça a América grande novamente, em tradução livre), pedindo aos europeus que aumentem seus investimentos em defesa.

"O presidente Trump não deixará ninguém fazer o Tio Sam de bobo", alertou o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, de Bruxelas, à margem de uma reunião ministerial da Aliança Atlântica.

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Os presidentes russo e americano disseram que querem "trabalhar juntos" e chegaram ao ponto de convidar um ao outro para visitar seus respectivos países ? além de uma reunião planejada, segundo Trump, na Arábia Saudita.

(Com AFP)

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