Ministros da UE rejeitam decisões de EUA e Rússia sobre guerra na Ucrânia que excluam Europa e Kiev
A Europa e Kiev devem "participar de qualquer negociação" sobre uma solução para a guerra na Ucrânia, alertaram os ministros das Relações Exteriores de seis países europeus e o chanceler ucraniano, reunidos nesta quarta-feira (12) em Paris.
"Queremos discutir o caminho que será adotado com nossos aliados americanos", diz o comunicado divulgado após uma reunião dos chefes de diplomacia da França, Alemanha, Polônia, Itália, Espanha, Grã-Bretanha e Ucrânia.
"Nosso objetivo comum deve ser colocar a Ucrânia em uma posição de força. A Ucrânia e a Europa devem participar de qualquer negociação", acrescentou o comunicado divulgado após a reunião, que durou várias horas.
O encontro é uma resposta à aproximação entre Moscou e Washington, que buscam uma solução conjunta para a guerra na Ucrânia.
"A Ucrânia deve se beneficiar de garantias de segurança sólidas. Uma paz justa e duradoura é uma condição necessária para a segurança transatlântica", acrescenta o texto, lembrando o compromisso dos países europeus com a "independência, soberania e integridade territorial" da Ucrânia "diante da agressão russa".
"Não haverá paz justa e duradoura na Ucrânia sem a participação dos europeus", reiterou o chanceler francês Jean-Noël Barrot antes do início da reunião.
A ministra alemã Annalena Baerbock e o espanhol José Manuel Albares Bueno garantiram que nenhuma decisão sobre a Ucrânia poderia ser tomada "sem o país".
"Esta é uma guerra de agressão, injusta. E deve acabar com uma paz justa e duradoura. Nada pode ser decidido sem a Ucrânia, que tem um impacto direto sobre a segurança na Europa. Então nada pode ser decidido sem os europeus", disse em entrevista à RFI.
Já o ministro polonês Rados?aw Sikorski insistiu na necessidade de fortalecer o apoio à Ucrânia e defendeu uma "estreita cooperação transatlântica".
Reunião entre Trump e Putin
A reunião ocorreu após uma conversa de Trump e Putin. Segundo a presidência dos EUA, o presidente americano prometeu lançar negociações "imediatas" para acabar com o conflito na Ucrânia e um cessar-fogo "em um futuro não tão distante".
O presidente dos EUA então informou o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky sobre a conversa com Putin.
Vladimir Putin disse a Trump que buscava uma "solução a longo prazo" para o conflito ucraniano por meio de "negociações de paz", anunciou o Kremlin. Os europeus, que temem ficar de fora das negociações, estão em busca de um posicionamento comum.
"Abandonar a Ucrânia e forçá-la a capitular significa ceder definitivamente à lei do mais forte e convidar todos os déspotas e tiranos do planeta a invadir o país vizinho impunemente", comentou o ministro francês Jean-Noël Barrot antes da reunião de Paris.
O mundo não é "uma selva", disse o chefe da diplomacia espanhola. "Temos uma ordem mundial baseada na Carta da ONU que tem trabalhado desde o final da Segunda Guerra Mundial para o benefício de todos", disse Alvares Bueno.
"Ucrânia deve estar envolvida"
Em Bruxelas, o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, considerou "irrealista" o retorno da Ucrânia às suas fronteiras anteriores a 2014, ou seja, incluindo a Crimeia. Da mesma forma, a adesão da Ucrânia à Otan após negociações de paz "não é realista", disse ele.
A Ucrânia deve estar "envolvida" em qualquer negociação de paz e qualquer acordo deve ser "sustentável", alertou o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, nesta quinta-feira (13).
"É essencial que a Ucrânia esteja intimamente envolvida em tudo o que pode preocupar a Ucrânia", disse ele a repórteres no dia seguinte a um telefonema entre Donald Trump e Vladimir Putin.
Já o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, disse nesta quinta-feira que era "lamentável" que o presidente dos EUA, Donald Trump, tenha feito "concessões" a Vladimir Putin sobre a Ucrânia "mesmo antes do início das negociações".
"Na minha opinião, teria sido melhor falar sobre a questão da adesão da Ucrânia à Otan ou possível perda de território na mesa de negociações", disse ele antes do início de uma reunião ministerial da Otan na sede da aliança em Bruxelas.
(Com AFP)
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