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Turquia: Justiça ordena prisão do prefeito Ekrem Imamoglu, principal oponente do governo

23/03/2025 10h00

Um juiz ordenou no domingo (23) a prisão por "corrupção" de Ekrem Imamo?lu, principal rival do presidente Recep Tayyip Erdo?an. O oponente havia sido levado ao tribunal na noite anterior com 90 outros detidos, provocando enormes protestos. Embora a decisão não seja surpresa, deve agravar a revolta popular no país, pois ocorre poucos dias antes da designação do prefeito de Istambul como o principal candidato da oposição para a eleição presidencial de 2028.

Anne Andlauer, correspondente da RFI em Istambul 

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Os opositores do governo já estão se mobilizando massivamente há quatro dias contra a detenção do prefeito. 

Ekrem Imamo?lu, cuja prisão foi solicitada pela promotoria, é acusado de liderar uma "organização criminosa". Ele está sendo processado em duas investigações, uma por "corrupção" e outra por "auxiliar um grupo terrorista", o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).

Como a prisão foi imposta como parte da primeira investigação, e não por acusações de terrorismo, é improvável que as autoridades turcas coloquem Istambul, a maior cidade do país, sob administração. A Câmara Municipal de Istambul, controlada pela oposição, deve eleger um novo prefeito nos próximos dias.

Enquanto os apoiadores de Ekrem Imamoglu se preparam para protestar novamente, os membros do Partido Republicano do Povo (CHP) do prefeito preso, começaram a votar esta manhã em uma primária para escolher seu candidato para a próxima eleição presidencial, programada para 2028. Ekrem Imamo?lu é o único candidato na disputa. 

Principal opositor 

Defensor da oposição turca, o popular prefeito de Istambul tem sido até agora a principal ameaça ao presidente Recep Tayyip Erdogan. Nos últimos anos, os tribunais têm instaurado processos contra ele. Seu partido, o CHP (social-democratas) é a principal força de oposição do país.  

Imamoglu tomou, em 2019, Istambul do partido governante AKP (islâmico-conservador), infligindo uma derrota humilhante ao presidente Erdogan, que foi prefeito da capital econômica na década de 1990.

Já em 2023, uma sentença de mais de dois anos de prisão por "insultar" membros do Conselho Eleitoral Superior, da qual ele recorreu, o afastou da eleição presidencial vencida por Erdogan, que chegou ao poder em 2003 como primeiro-ministro.

Reeleito por uma maioria esmagadora no ano passado como chefe da maior cidade da Turquia - e, a mais importante e a mais rica, com seus quase 16 milhões de habitantes - Imamoglu havia surgido até agora como o candidato presidencial natural do CHP.

Desde terça-feira, quando o prefeito foi detido, manifestantes foram às ruas em Istambul, Ancara e Esmirna, as principais cidades do país, e em mais de dois terços das províncias da Turquia.

O partido do prefeito, que há meses denuncia o "assédio judicial" contra ele, denunciou um "golpe de estado" contra a oposição e "nosso próximo presidente".

Frequentemente classificado entre as figuras políticas favoritas dos turcos, este muçulmano praticante, mas membro do CHP, o partido secular do fundador da República, Mustafa Kemal Atatürk, conseguiu atrair eleitores de fora de seu partido.

Quase 20 anos mais jovem que o presidente Erdogan, o ex-empresário da região do Mar Negro também representa uma imagem moderna. Sua esposa, Dilek Imamoglu, esteve muito presente nos últimos dias nas redes sociais apoiando os manifestantes.

Desde sua prisão, o prefeito personifica para seus apoiadores a esperança despedaçada de uma mudança iminente, reunindo jovens preocupados com o futuros, frustrados pela crise econômica e pela falta de perspectivas.

O prefeito, que até agora nem sempre teve apoio unânime em seu campo, onde às vezes foi acusado de se importar mais com seu futuro do que com seus eleitores, viu seu partido se unir a ele desde sua prisão.

O popular prefeito de Ancara, Mansur Yavas, frequentemente apresentado como seu rival, o apoiou incondicionalmente, interrompendo uma viagem ao exterior.

"Não vou desistir", prometeu Ekrem Imamoglu no domingo em uma mensagem publicada no X, dizendo que "tudo ficará bem", um slogan que ele adotou em 2019 após a anulação de sua eleição como prefeito de Istambul, obtida por uma vitória esmagadora em uma segunda eleição.

(RFI e AFP)


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