Tarifas de Trump deixarão americanos 'mais pobres', critica Macron

O presidente francês, Emmanuel Macron, reagiu na tarde desta quinta-feira (3) ao pacote de tarifas anunciado por Donald Trump. O chefe de Estado considerou a postura líder americano "brutal e sem fundamento".

É "uma decisão brutal e sem fundamento" que terá "um impacto maciço" em "todos os setores da economia e da exportação europeus", afirmou Macron no início de uma reunião no Palácio do Eliseu, sede da presidência em Paris, com seu governo e os setores afetados.

"Uma coisa é certa: com as decisões desta noite, a economia americana e os americanos, sejam empresas ou cidadãos, sairão mais fracos do que ontem e mais pobres", declarou o presidente francês, fazendo um apelo aos europeus para "permanecerem unidos" nessas circunstâncias.

Na opinião de Macron, "todos os instrumentos estão sobre a mesa" para revidar, incluindo a suspensão de investimentos nos Estados Unidos. O presidente francês falou ainda de uma retaliação europeia em duas etapas: "a primeira resposta ocorrerá em meados de abril e estará relacionada aos impostos já decididos, especialmente sobre o aço e o alumínio", disse Macron. "A segunda resposta, mais massiva, visará as tarifas anunciadas ontem, e ocorrerá no final do mês, após um estudo detalhado, setor por setor", explicou.

As declarações de Macron são feitas um dia após o presidente dos Estados Unidos assinar um decreto para lançar uma tarifa aduaneira mínima de 10% para todas as importações que chegam ao país, e de 20% para os produtos procedentes da União Europeia. A medida suscitou duras críticas de parte da comunidade internacional. Nas palavras do primeiro-ministro francês, François Bayrou, a notícia é uma "catástrofe".

Os Estados Unidos eram em 2023 o quarto mercado de exportação da França, após Alemanha, Itália e Bélgica, segundo a alfândega francesa. Entre os setores franceses mais expostos às novas tarifas estão o aeronáutico, o de luxo, os vinhos e o conhaque.

Reunião com empresários

Macron recebe nesta quinta-feira representantes dos principais setores exportadores da economia francesa. Participam também da reunião o primeiro-ministro, François Bayrou, e os ministros da Economia, da Agricultura, da Indústria e do Comércio Exterior.

Antes mesmo do encontro, o presidente francês pediu às empresas que operam nos Estados Unidos que suspendam todos os seus projetos de investimento no país até que a postura americana se "esclareça". Já a União Europeia alertou que está preparada para responder às tarifas, mas estendeu a mão para negociar uma saída. A porta-voz do governo francês, Sophie Primas, afirmou que o bloco europeu pode aplicar taxas aos serviços digitais americanos.