Irã expressa pessimismo sobre novas negociações de seu programa nuclear com EUA e Rússia

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, saudou nesta terça-feira (15) as negociações nucleares de sábado (12) com os Estados Unidos, mas alegou falta de otimismo sobre o sucesso das conversas. O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, viaja a Moscou nesta semana para discutir as negociações realizadas previamente entre o Irã e os Estados Unidos, antes de uma nova rodada de negociações com Washington.

O líder supremo do Irã advertiu que as negociações podem não ser bem-sucedidas, apesar de afirmar que as conversas "correram bem", em seu primeiro comentário sobre as negociações. O aiatolá Khamenei acrescentou estar "muito pessimista com relação à outra parte", referindo-se aos Estados Unidos.

"Mas estamos otimistas em relação às nossas capacidades", disse ainda o aiatolá, que é quem toma as decisões finais sobre questões delicadas no país, em uma declaração transmitida pela televisão estatal.   

O Irã e os Estados Unidos, que não mantêm relações diplomáticas desde 1980 - após a Revolução Islâmica de 1979 - avançaram no último sábado, sob a mediação do sultanato de Omã, sobre a questão do programa nuclear iraniano.

As conversas raras entre Teerã e Washington foram lideradas pelo enviado dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff, e pelo ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi. 

O Irã e os Estados Unidos concordaram em continuar as reuniões em 19 de abril, com a mediação de Omã. Inicialmente anunciadas como sendo realizadas em Roma, essas conversas serão finalmente realizadas mais uma vez em Mascate, capital do sultanato. 

Linhas vermelhas 

Na segunda-feira, o presidente dos EUA, Donald Trump, repetiu suas ameaças de lançar um ataque militar contra as instalações nucleares do Irã se a diplomacia falhar. Da Casa Branca, ele descreveu os líderes iranianos como "radicais" que não podem ter armas nucleares. 

Os países ocidentais, liderados pelos Estados Unidos, há muito suspeitam que o Irã queira adquirir armas nucleares. Teerã rejeita essas alegações e defende seu direito à energia nuclear para fins civis, em especial para energia. 

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Em 2018, Donald Trump retirou abruptamente seu país do acordo nuclear internacional assinado três anos antes com o Teerã e restabeleceu as sanções. Em retaliação à retirada dos EUA, o Irã se distanciou gradualmente do acordo. 

A decisão de Trump foi parcialmente motivada pela ausência de medidas contra o programa de mísseis balísticos de Teerã, visto como uma ameaça ao seu aliado israelense. 

Na terça-feira, os Guardas Revolucionários, o exército ideológico da República Islâmica do Irã, afirmaram que as capacidades militares e de defesa do país constituíam "linhas vermelhas". 

Conversas paralelas com a Rússia

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, viajará a Moscou nesta semana para discutir as negociações entre o Irã e os Estados Unidos, antes da nova rodada de negociações com Washington no sábado (19).

Na noite de segunda-feira, o negociador norte-americano Steve Witkoff indicou que um novo acordo dependeria de como os níveis de enriquecimento de urânio do Irã e a capacidade de produção de armas atômicas seriam controlados. 

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A verificação americana nessa área será "crucial", insistiu Witkoff no canal de televisão Fox News. "Isso inclui mísseis (...) e os gatilhos para (a explosão de) uma bomba", acrescentou. 

O Irã é o único Estado sem armas nucleares a enriquecer urânio a um nível elevado (60%), enquanto continua a acumular grandes estoques de material físsil, de acordo com o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Segundo a definição da AIEA, um limite de 90% é suficiente para produzir uma arma atômica. 

O acordo de 2015 limitou essa taxa em 3,67%. O chefe da AIEA, Rafael Grossi, é esperado no Irã na quarta-feira (16). Sua visita anterior data de novembro, quando ele visitou as instalações nucleares de Natanz e Fordo, na região central do Irã. 

A Rússia é um dos membros de um acordo nuclear internacional firmado com o Irã em 2015, mas que agora caducou desde a decisão dos EUA de se retirar dele em 2018. França, Reino Unido, China e Alemanha também fazem parte do pacto.

O texto previa o levantamento de certas sanções internacionais contra Teerã em troca da supervisão de seu programa nuclear AIEA, que afirmou que o Irã estava cumprindo seus compromissos.

(com informações da AFP)

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