Penitenciárias são alvos de incêndio e ataques com armas de fogo na França
Várias penitenciárias sofreram ataques tendo veículos queimados. Em Toulon, no sul, a prisão foi alvo de tiros na noite de segunda-feira (14) e madrugada desta terça. As ações teriam sido coordenadas e vinculadas à estratégia do governo francês de luta contra o narcotráfico. O ministro da Justiça, Gérald Darmanin, irá ao local.
Três veículos, dois de agentes penitenciários, foram incendiados no estacionamento do centro de detenção de Villepinte, em Seine-Saint-Denis, na região metropolitana de Paris. As câmeras de vigilância do local registraram dois indivíduos que entraram no complexo e atearam fogo em um veículo.
Outros estabelecimentos na França também foram alvos, como a prisão de Nanterre, nos arredores de Paris, e Aix-Luynes e Valence, no sul do país.
Tiros contra penitenciária de Toulon
Em Toulon-La Farlède, no sul da França, 15 marcas de bala foram identificadas na porta de entrada da prisão após um ataque com arma do tipo Kalashnikov, de acordo com o sindicato FO Justice. Uma investigação sobre "tentativa de homicídio contra autoridade pública" foi aberta pela polícia, segundo o promotor de Toulon, Samuel Finielz.
Além disso, "dez veículos foram marcados com as letras "DDPF" (Direitos dos Prisioneiros Franceses, em tradução livre)", declarou a presidente do departamento de Bouches-du-Rhône, Martine Vassal.
Em Aix-Luynes, dois veículos e o portão da penitenciária foram incendiados. Na madrugada de segunda-feira, incêndios também atingiram o estacionamento da Escola Nacional de Administração Penitenciária (Enap) em Agen e um suspeito de 43 anos foi preso. Sete veículos foram "destruídos ou danificados devido a um incêndio", de acordo com o Ministério Público local.
O promotor Olivier Naboulet considerou que é "muito cedo para fazer mais identificações, incluindo a motivação do responsável pelo crime". A penitenciária de Réau, em Seine-et-Marne, leste de Paris, também foi alvo.
A Promotoria Nacional Antiterrorismo da França anunciou que assumirá o comando da investigação.
Ataques ligados ao combate ao narcotráfico?
Em um comunicado à imprensa, o sindicato FO Justice denunciou atos de extrema violência: veículos queimados e entradas de penitenciárias incendiadas e até mesmo alvejadas por armas pesadas.
O sindicato afirmou veementemente que as ações foram um "ataque frontal contra a nossa instituição, contra a República e contra os agentes que a servem diariamente". Os sindicalistas pediram uma resposta "firme, imediata e inequívoca" do Estado e disseram que "é necessária uma ação conjunta dos Ministros da Justiça e do Interior. A administração penitenciária não tem recursos humanos para proteger permanentemente as áreas ao redor dos estabelecimentos".
Segundo uma fonte entrevistada pela AFP, os ataques estariam ligados ao combate lançado pelo Ministério da Justiça contra o narcotráfico.
Des établissements pénitentiaires font l'objet de tentatives d'intimidation allant de l'incendie de véhicules à des tirs à l'arme automatique. Je me rends sur place à Toulon pour soutenir les agents concernés. La République est confrontée au narcotrafic et prend des mesures qui...
? Gérald DARMANIN (@GDarmanin) April 15, 2025
Ministro visita Toulon
O ministro da Justiça, Gérald Darmanin, deve visitar a penitenciária de Toulon para prestar solidariedade aos agentes. Desde sua nomeação, o Ministro da Justiça demonstrou desejo de colocar os 100 maiores traficantes de drogas em confinamento solitário em uma prisão de segurança máxima.
Atualmente, a Assembleia Nacional trabalha para criar uma lei para "libertar a França das mãos do tráfico de drogas". O projeto prevê a criação de uma Promotoria Nacional Anticrime Organizado, conhecida como Pnaco.
O ministro do Interior, Bruno Retailleau, pediu aos prefeitos que "reforcem imediatamente a proteção dos funcionários nestes estabelecimentos". A resposta do Estado deve ser implacável. "Aqueles que atacam prisões e agentes de segurança devem ser presos nestas mesmas penitenciárias e monitorados por esses mesmos agentes", declarou o Ministro do Interior, condenando as ações como "ataques inaceitáveis".
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