Trump impõe novas barreiras a financiamento e políticas de inclusão em universidades

O presidente americano, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (23) uma série de ordens executivas que intensificam sua cruzada contra políticas de diversidade e inclusão nas universidades dos Estados Unidos.

Em mais um movimento para reformular o sistema de ensino superior com viés ideológico conservador, as medidas afetam diretamente o financiamento e o credenciamento de instituições, ao mesmo tempo em que prometem aumentar a acessibilidade e a permanência de estudantes em universidades historicamente negras (HBCUs). As ordens assinadas por Trump nesta semana indicam um claro reposicionamento ideológico na política educacional dos EUA, com foco em reduzir o peso das políticas de diversidade e ampliar o controle federal sobre critérios de qualidade e acesso ao ensino superior.

Uma das ordens assinadas direciona o governo federal a reforçar a fiscalização das doações estrangeiras às universidades - especialmente as de grandes quantias, que precisam ser declaradas por lei. Outra medida mira o sistema de credenciamento universitário, descrito por Trump como sua "arma secreta" para desestabilizar o que ele chama de "domínio liberal" nas universidades americanas.

"O problema está nas agências de credenciamento que aplicam critérios ideológicos, e não baseados em mérito", afirmou Will Scharf, secretário da Casa Branca, durante a cerimônia de assinatura no Salão Oval. Já a secretária de Educação, Linda McMahon, defendeu: "Devemos priorizar quem tem mérito real para ingressar nas universidades e fiscalizar com mais rigor quem não segue esse princípio".

Educação na mira

O credenciamento universitário é essencial nos Estados Unidos: sem ele, as instituições perdem acesso a cerca de US$120 bilhões - aproximadamente R$ 640 bilhões - anuais em ajuda federal para estudantes. Para Trump, as agências responsáveis têm favorecido políticas que promovem diversidade, equidade e inclusão, alvos frequentes de seus ataques desde o início de sua carreira política.

A medida faz parte de um pacote de sete ordens executivas ligadas à educação, e ocorre no contexto de uma ofensiva mais ampla contra universidades de elite, como Harvard, que tem reagido com veemência às pressões do governo. A instituição está envolvida em uma disputa bilionária com o governo Trump para manter sua autonomia acadêmica.

As medidas assinadas por Trump nesta semana indicam um claro reposicionamento ideológico na política educacional dos EUA, com foco em reduzir o peso das políticas de diversidade e ampliar o controle federal sobre critérios de qualidade e acesso ao ensino superior.

Repressão à equidade nas escolas públicas

Trump também assinou uma ordem executiva que revoga políticas adotadas nas gestões de Barack Obama e Joe Biden sobre disciplina escolar, consideradas por ele como parte de uma "doutrinação radical" nas escolas públicas. A nova diretriz determina que decisões disciplinares se baseiem exclusivamente no comportamento dos alunos, descartando abordagens que levem em conta desigualdades estruturais ou questões raciais.

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"A segurança nas salas de aula será restaurada com bom senso. A disciplina precisa ser justa e clara, baseada nas ações do estudante, não em ideologias", declarou a secretária Linda McMahon. A medida ocorre num momento em que crescem os relatos de problemas comportamentais nas escolas, acentuados desde a pandemia de Covid-19.

Outra ordem assinada nesta quarta busca ampliar o ensino de inteligência artificial (IA) nas escolas americanas. O objetivo é preparar a próxima geração de trabalhadores para os desafios da economia digital. "Queremos garantir que nossos jovens estejam prontos para competir globalmente num mundo no qual a IA será cada vez mais central", afirmou Scharf.

Segundo o texto, o ensino de IA desde cedo não apenas desmistifica a tecnologia como também estimula a criatividade, capacitando os estudantes a se tornarem "inovadores responsáveis" e líderes na revolução tecnológica.

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