5 horas de fila para 3 segundos de adeus: como é se despedir do papa

Em Roma, os fiéis continuam a se aglomerar para ver os restos mortais do papa Francisco, três dias após sua morte, aos 88 anos. Na quarta-feira, mais de 20 mil pessoas desfilaram pelo caixão em exposição na Basílica de São Pedro, e nesta quinta-feira o número de visitantes já passa e 60 mil. O funeral será realizado na manhã de sábado na Cidade Santa.

A multidão enfrenta filas gigantescas para conseguir passar apenas alguns instantes ao lado do caixão papal. Para acolher os fiéis, capela-ardente da Basílica de São Pedro ficou fechada por apenas algumas horas na madrugada desta quinta-feira.

"Estou na fila há 5 horas", conta Mônica, que vive em Roma. "É uma longa espera, mas com muitos agradecimentos pelo que esse papa fez", relata a fiel na Praça de São Pedro.

Na multidão há católicos praticantes, mas também simples turistas, como a parisiense Sandrine, que explicou, ao sair da Basílica, como funciona a visita para o último adeus ao papa Francisco.

"Há um caminho demarcado a seguir. Eles colocam barreiras para que as pessoas possam ir mais rápido até o caixão, porque se não as pessoas vão empurrar", detalha.

Lá dentro, é preciso se mover rapidamente, como relata Melvin, um católico indiano que foi prestar sua homenagem ao jesuíta: "Não podíamos ficar muito tempo, talvez dois ou três segundos", detalha.

Já religiosos podem ficar alguns minutos em frente ao caixão. A irmã Caroline é filipina e ensina teologia em Roma. Ela não escondeu sua emoção ao ver o corpo do sumo pontífice. "É tão triste... É como se tivéssemos nos tornado órfãos, porque ele era o pai de todos nós", comparou, acrescentando que rezou pelo repouso do pontífice, mas também orou pelo próximo papa, que ela espera que seja "tão bom e generoso quanto o papa Francisco".

Amigos do papa prestam homenagens

Os amigos íntimos e ex-colaboradores do papa também estão presentes no Vaticano para esse último tributo. Entre eles está Roberto Dabusti, que foi um de seus conselheiros mais próximos na década de 1990. Na época, mal podia imaginar que o bispo auxiliar de Buenos Aires, com quem trabalhou por sete anos, mais tarde se tornaria o papa Francisco.

Continua após a publicidade

"Eu era responsável pelos comunicados de imprensa, transcrevendo suas homilias. Na época, nos comunicávamos por fax e depois passamos para o email. Mas no início era o fax, e foi ele quem comprou a máquina e a colocou em meu escritório", se recorda o amigo.

Como muitos outros, Dabustin se lembra de um homem simples que era próximo de seus colegas, um homem capaz de tomar decisões difíceis, mas também dotado de um senso inato de comunicação.

Eu sempre digo que ele se comunicava primeiro pelo silêncio, depois por gestos e, finalmente, por palavras. Mas seus silêncios e gestos diziam mil vezes mais do que palavras.

Permanecendo em Buenos Aires para seguir sua carreira, Roberto Dabustin não acompanhou Francisco a Roma quando ele se tornou papa, mas conta que manteve contato com ele até o último momento: "Na sexta-feira passada, ele me enviou uma mensagem que ele mesmo não conseguiu escrever e pediu desculpas por isso. Ele enviou uma bênção para mim e para minha família".

Neste sábado, no funeral, Roberto Dabustin disse que responderá a essa última mensagem com uma oração, já que não pôde agradecer a tempo.

Líderes no funeral do papa

Cinquenta chefes de Estado eleitos e dez monarcas estarão presentes no funeral do papa Francisco, de acordo com o Vaticano nesta quinta-feira.

Continua após a publicidade

"Até o momento, 130 delegações (estrangeiras) foram confirmadas para participar do funeral do papa Francisco", acrescentou a Santa Sé. Entre os participantes do funeral estarão o presidente dos EUA, Donald Trump, o presidente da França, Emmanuel Macron, do Brasil, Lula, e o rei e a rainha da Espanha.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.