Sem acordo de paz na Ucrânia, Trump parte para o funeral do papa Francisco

O presidente americano Donald Trump e a primeira-dama, Melania Trump, embarcam para Roma nesta sexta-feira (24), às 8h30 da manhã pelo horário local (9h30 em Brasília), para participar do funeral do papa Francisco, que será realizado no sábado (25). Esta será a primeira viagem internacional do presidente desde que voltou à Casa Branca, em janeiro.

Em publicação na plataforma Truth Social, Donald Trump escreveu: "Estamos ansiosos para estar lá", expressando a sua intenção de prestar homenagem ao pontífice. O funeral do Papa Francisco poderia virar palco de negociações.

Trump parte para Roma carregando na bagagem a frustração pela estagnação nas negociações de paz em torno da Ucrânia. O presidente americano expressou indignação com o recente ataque russo a Kiev. Porém, em uma reviravolta, culpou a Ucrânia pela paralisia no processo de negociações.

Após uma reunião pouco produtiva entre o Secretário de Estado americano, Marco Rubio, e representantes ucranianos em Londres, uma nova rodada de conversas está marcada para esta sexta-feira (25), desta vez em Moscou.

Agenda em Moscou

Todas as atenções estão voltadas para o encontro previsto entre o enviado especial dos Estados Unidos, Steve Witkoff, e o presidente russo, Vladimir Putin, nesta sexta-feira, na capital russa. A reunião pode representar um ponto de virada nas negociações de paz entre a Rússia e a Ucrânia, embora ainda haja muitas incertezas no horizonte. A iniciativa ocorre em meio à frustração crescente do presidente dos Estados Unidos com a falta de avanços concretos e ao desejo da Casa Branca de apresentar o seu plano de paz como solução definitiva para o conflito.

Nos bastidores, no entanto, o ambiente diplomático continua tenso. A cúpula sobre a Ucrânia realizada nesta semana em Londres foi abalada pela saída de representantes dos EUA de última hora e pelo impasse em torno da proposta americana, que inclui o reconhecimento informal da anexação da Crimeia pela Rússia — algo que Kiev rejeita veementemente. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que ainda não recebeu um plano formal dos EUA e reiterou que qualquer acordo que envolva a cessão de território seria inconstitucional e inaceitável para o país.

Rússia diz estar pronta para negociar

Na véspera do encontro, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, afirmou em entrevista à emissora americana CBS News que Moscou está pronta para firmar um acordo de paz com relação à guerra na Ucrânia. Segundo ele, as conversas com os Estados Unidos estão "seguindo na direção certa".

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Em trechos da entrevista ao programa Face the Nation, que irá ao ar no domingo, Lavrov disse: "A declaração do presidente Trump menciona um acordo e estamos prontos para alcançá-lo. Ainda há alguns pontos específicos — elementos deste acordo — que precisam ser ajustados."

Trump demonstra descontentamento com o fracasso das negociações

A frustração do presidente americano diante do fracasso das negociações de paz é crescente. Após o ataque russo a Kiev na quinta-feira, que matou ao menos 12 pessoas — o presidente dos EUA demonstrou publicamente irritação com a Rússia, algo raro em seu discurso. "Não gostei da noite passada. Não fiquei feliz com isso, estamos em meio a conversas de paz, e mísseis foram disparados", disse ele ao lado do primeiro-ministro da Noruega, em reunião na Casa Branca.

Trump responsabilizou a Rússia pelo fracasso nas negociações, mas de forma moderada. Apesar do tom crítico, Trump voltou a afirmar que acredita que Moscou fez uma "concessão significativa" ao não tentar ocupar todo o território ucraniano. Para ele, o simples fato de a Rússia "parar a guerra" já representa um grande avanço.

O mandatário americano foi mais duro com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. Ele acusou Zelensky de prolongar o conflito ao não aceitar o plano de paz proposto pelos EUA — plano que, segundo fontes diplomáticas ouvidas pela CNN, prevê a cessão da maior parte dos territórios tomados pela Rússia.

Na Casa Branca, Trump disse estar colocando pressão na Rússia, mas evitou responder se imporá novas sanções, dizendo apenas: "Perguntem de novo na semana que vem".

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Trump quer um acordo de paz até o marco simbólico de seus 100 primeiros dias de governo, que serão completados na semana que vem. Ele afirmou que ambos os lados ? Rússia e Ucrânia ? precisam sentir a pressão e saber que "precisam entregar resultados".

A posição da Otan

Após reunião com Trump na Casa Branca, o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Mark Rutte, afirmou que os aliados europeus continuam vendo a Rússia como uma ameaça de longo prazo.

Rutte avaliou de forma positiva o papel dos Estados Unidos nas negociações de paz sob a liderança do presidente Donald Trump. Segundo o secretário-geral da Otan, o encontro realizado em Londres, na terça-feira anterior, demonstrou avanços concretos e indicou que o impasse vinha sendo superado.

Ele destacou que, na sua visão, a atuação dos EUA não representa um fracasso diplomático, mas sim uma oportunidade real de alcançar um desfecho positivo para o conflito, graças à condução do governo Trump.

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