"Trump põe a democracia americana em risco", analisa imprensa francesa após 100 dias de governo do republicano
Os jornais franceses desta quarta-feira (30) analisam os 100 primeiros dias do segundo mandato de Donald Trump. "Um presidente sem freios", escreve o Le Monde na capa, destacando que "a democracia americana está sob risco de uma presidência imperial".
Na análise do Le Monde, o bilionário tem um "desejo de controle absoluto". "Trump se esforça em aniquilar os contrapoderes, ameançando o equilíbrio institucional dos Estados Unidos", continua a reportagem.
O diário centrista ainda aponta a queda de popularidade do presidente americano, que "reflete uma prática agressiva de governo". O republicano "vai muito longe" na tentativa de estender seus poderes, segundo 64% dos americanos ouvidos para uma pesquisa do Washington Post/ABC News, citada pelo Le Monde. Uma das razões para o descontentamento "é a batalha que opõe a Casa Branca a juízes federais de primeira instância", continua o texto.
Caprichos imprevisíveis
Para o jornal Libération, "a impopularidade que atinge o 47° presidente americano não parece um freio à sua intenção de enfraquecer as normas institucionais". O diário progressista avalia que Trump reverte décadas de relações diplomáticas e a ordem internacional, "reescritas por caprichos imprevisíveis, que evaporam a credibilidade da maior potência mundial".
Segundo Libé, a nova administração republicana "ameaça levar os Estados Unidos a uma crise constitucional". A matéria cita a queda de braço entre o presidente americano e a Justiça. O Libération também destaca os riscos de uma crise econômica e a "iminência de uma recessão nos Estados Unidos precipitada pela guerra comercial de Trump ao resto do mundo".
Crise imigratória
O jornal católico La Croix dedica uma reportagem à situação dos migrantes na fronteira com o México. "Epicentro de uma crise nos últimos dez anos, El Paso, no Texas, retoma a tranquilidade", observa o texto.
Porém, "os excessos do governo ofendem uma parte cada vez maior da América", continua o enviado especial do diário. Ele conta que "a chegada de migrantes na fronteira vem caindo desde que Donald Trump retornou à Casa Branca, em janeiro passado".
A publicação católica ainda aponta que, juntamente com a imigração, "a diversidade foi alvo da guerra cultural de Donald Trump, que direciona seus ataques contra as minorias, sejam elas quais forem".
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