Paquistão tem espaço aéreo fechado após contra-ataque na Índia; China e G7 temem escalada militar
O Paquistão lançou uma operação, apelidada de "muro inquebrável", neste sábado (10), como parte da retaliação do país contra a Índia, depois que Nova Delhi disparou mísseis contra bases aéreas paquistanesas, incluindo uma base próxima à capital, Islamabad. Esse confronto é o mais sério entre as duas potências nucleares nas últimas décadas já causou cerca de 50 mortes de civis de ambos os lados.
Com informações dos correspondentes da RFI em Bangalore, Côme Bastin, e em Islamabad, Sonia Ghezali, e AFP
Fontes de segurança paquistanesas disseram no sábado que o exército havia lançado uma retaliação contra a Índia. Minutos depois do contra-ataque paquistanês, Nova Delhi confirmou que havia sofrido "uma série de ataques de drones e outras munições".
A operação foi lançada depois que ataques foram direcionados a três bases paquistanesas durante a noite, incluindo uma nos arredores de Islamabad, em um cenário de sério confronto entre as duas potências nucleares. Há relatos de explosões na manhã de sábado na cidade de Srinagar, na parte indiana da Caxemira, que é disputada pelos dois países. Ao meio-dia de sábado, a Autoridade de Aviação do Paquistão anunciou que o espaço aéreo paquistanês seria fechado até a manhã de domingo. Há informações também do fechamento de pelo menos 32 aeroportos do lado indiano.
Pouco depois, um porta-voz do exército paquistanês apareceu na televisão estatal, anunciando represálias generalizadas e declarando que "a Índia atacou as bases de Nour Khan, Mourid e Chorkot com mísseis. Agora aguardem nossa resposta", ameaçou ele, em inglês. Desde então, houve uma sucessão de ataques com mísseis, tiros de artilharia e ataques de drones entre os dois vizinhos.
De acordo com Islamabad, essa retaliação ocorreu após ataques indianos contra bases aéreas paquistanesas, incluindo uma próxima à capital. Esse confronto mais sério entre as duas potências nucleares nas últimas décadas já causou cerca de 50 mortes de civis de ambos os lados.
A verificação independente dos ataques entre os dois países é difícil. Do lado indiano, alega-se que cinco pessoas, incluindo um oficial de alto escalão, foram mortas anteriormente por fogo de artilharia. Também houve ataques de drones paquistaneses em 26 áreas de fronteira, resultando em um ferido. Segundo apuração da RFI, os drones teriam como alvo o aeroporto de Srinagar, a capital da Caxemira. "A escalada do Paquistão continua com uma série de ataques de drones e outras munições", informou o exército indiano em sua conta no X. O Paquistão nega todas essas acusações.
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Paquistão nega retaliação
O ministro da Informação da Caxemira paquistanesa, Mazhar Saeed Shah, disse à AFP no sábado que "onze pessoas, incluindo quatro mulheres e uma criança" foram mortas durante a noite "em intensos bombardeios indianos em mais de cinco locais na linha de controle", a fronteira de fato na região disputada. "Desde quarta-feira, 28 pessoas foram mortas e 125 ficaram feridas em bombardeios indianos ou ataques com mísseis" na Caxemira administrada pelo Paquistão, acrescentou.
Em particular, o exército indiano descreveu uma série de "drones inimigos armados" vistos nas primeiras horas da manhã no setor de Amritsar, no estado indiano de Punjab. Eles foram "instantaneamente destruídos", acrescentou. Essa cidade indiana, próxima à fronteira, abriga o Templo Dourado, reverenciado pelos sikhs.
Até o momento, o Paquistão tem afirmado que ainda não realizou a "retaliação" prometida desde os ataques indianos na quarta-feira (7). A Índia realizou ataques em solo paquistanês em retaliação a um ataque na Caxemira indiana em 22 de abril. O ataque, que matou 26 civis, não foi reivindicado, mas Nova Delhi acusa Islamabad, apesar de suas negações.
Desde então, ataques com mísseis, fogo de artilharia e ataques com drones têm se seguido, enquanto os dois rivais, desde sua dolorosa divisão em 1947, têm ignorado os pedidos de redução da escalada vindos do exterior. Portanto, não há sinal de apaziguamento entre Nova Delhi e Islamabad. Pelo contrário, a situação se agravou a tal ponto que a mídia não hesita mais em falar de guerra.
Nova Delhi alegou nos últimos dias que havia sido alvo de uma onda de ataques de drones paquistaneses na Caxemira e no estado de Punjab, na fronteira noroeste. Por sua vez, o exército paquistanês alegou ter abatido 77 drones indianos desde o início das hostilidades.
É impossível verificar de forma independente o que os dois lados estão dizendo, principalmente porque muitas áreas são inacessíveis.
Preocupação internacional
Em uma declaração, o G7 alertou contra "uma nova escalada militar que representa uma séria ameaça à estabilidade regional". O grupo, atualmente presidido pelo Canadá, pediu que os dois adversários "iniciem um diálogo direto com o objetivo de encontrar uma solução pacífica".
Diante dessa escalada, o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, ligou imediatamente para o chefe do exército paquistanês, Asim Mounir. Ele "continuou a exortar os dois lados a encontrar maneiras de reduzir a escalada e ofereceu a assistência dos Estados Unidos para participar de discussões construtivas a fim de evitar futuros conflitos", de acordo com uma declaração do Departamento de Estado.
A China também fez um apelo "firme" a Nova Delhi e Islamabad para evitarem uma escalada.
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