Quais os cenários de uma possível retaliação do Irã contra Israel?

Após os ataques israelenses contra o Irã, o país poderá reagir de várias formas, segundo especialistas militares e serviços de inteligência ocidentais. Os cenários mais prováveis incluem bombardeios diretos ou ações indiretas executadas por aliados na região, de acordo com uma análise publicada pelo jornal britânico The Times e o correspondente do canal France 24 no Irã, Saeed Azimi.

O ministro da Defesa iraniano revelou, durante uma reunião de gabinete recente, que o país testou recentemente um míssil com ogiva de duas toneladas, lembra Saeed Azimi.

"Desde a Revolução Islâmica, o setor em que o Irã mais avançou foi o da defesa. Diversas novas tecnologias e armamentos foram apresentados nos últimos anos, e essa capacidade militar pode representar uma ameaça real aos interesses dos EUA e de Israel na região", afirmou.

Lançamento direto de mísseis

Segundo analistas ouvidos pelo The Times e o Wall Street Journal, o Irã mantém o maior arsenal de mísseis balísticos do Oriente Médio, com alcance de até 2.000 km ? suficiente para atingir alvos em todo o território israelense.

 

O risco, neste caso, seria a interceptação pelos avançados sistemas de defesa israelenses (como o Domo de Ferro e o Arrow 3). Além disso, tal ofensiva poderia desencadear rapidamente um conflito regional de grandes proporções.

Ação através de aliados e milícias

O Irã dispõe de um extenso eixo de aliados armados na região, que inclui o Hezbollah (Líbano), com mais de 100 mil foguetes; os houthis (Iêmen), que já lançaram drones e mísseis contra Israel e milícias xiitas no Iraque e na Síria, com histórico de ataques a bases americanas.

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Esses grupos poderiam agir simultaneamente em diferentes frentes, sobrecarregando a capacidade de resposta israelense. Para os especialistas, a vantagem para o Irã seria não se expor diretamente ao confronto, mas manter pressão militar e política constante sobre Israel.

Ataques a bases dos EUA na região

Como resposta indireta ao apoio norte-americano a Israel, o Irã pode determinar como alvo bases dos EUA no Golfo Pérsico, Iraque ou Síria. Essas ações serviriam como alerta a Washington, sem necessariamente envolver ataques diretos ao território israelense.

Uma consequência possível seria a intervenção militar direta dos Estados Unidos, ampliando o conflito em escala global.

Ameaça ao tráfego marítimo e ao petróleo

O Estreito de Ormuz, por onde passa cerca de 20% do petróleo mundial, é um ponto-chave da geopolítica energética. O Irã já ameaçou ? e, em 2019, chegou a sabotar ? navios petroleiros e cargueiros na região.

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Uma ofensiva nesse sentido poderia incluir o bloqueio do estreito com minas navais, ataques a navios comerciais e operações de pirataria marítima.

Um impacto global possível seria a disparada no preço do petróleo e forte pressão internacional por medidas de contenção.

Ciberataques e sabotagem

O Irã possui capacidade cibernética avançada, já demonstrada em ataques anteriores a sistemas israelenses de energia, transporte e infraestrutura hídrica.

Segundo analistas de segurança, Teerã poderia realizar ataques coordenados a servidores e sistemas israelenses, tentar invadir ou sabotar comandos militares remotos ou utilizar guerra eletrônica para desorganizar radares e comunicações.

Uma tática de baixo custo e alto impacto, que evita o confronto direto e é difícil de ser atribuída imediatamente, segundo os analistas.

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Avaliação estratégica

O Irã tem múltiplas opções para retaliar Israel, cada uma com custos, riscos e impactos próprios.

Enquanto um ataque massivo com mísseis permanece tecnicamente possível, analistas apontam que Teerã tende a preferir respostas indiretas e coordenadas, especialmente por meio de aliados como Hezbollah e houthis, além de ataques cibernéticos.

A decisão final, para observadores internacionais, dependerá do grau de destruição sofrido pelo Irã nas últimas ofensivas e da avaliação estratégica do regime sobre os riscos de uma guerra aberta no Oriente Médio.

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