Ataque de Israel contra Irã com mais de 200 aviões foi desenvolvido em segredo, diz especialista

Para atacar o Irã na noite de quinta para sexta-feira, 13 de junho, desencadeando o conflito entre as duas potências nucleares, Israel mobilizou mais de duzentos aviões. Uma operação cujo segredo foi muito bem guardado, como explica Elie Tenenbaum, diretor do Centro de Estudos de Segurança do Instituto Francês de Relações Internacionais (Ifri).

Por Alexandre Franck, da RFI

O sucesso de uma operação desse porte depende, evidentemente, do segredo. Para não levantar suspeitas, a força aérea israelense manteve suas atividades habituais. Nada indicava que 200 caças, quase dois terços da frota israelense, iriam atacar o Irã.

Enquanto os americanos foram informados previamente, os europeus, em especial, só foram avisados 24 horas antes do ataque, um prazo bastante apertado.

Ao todo, cinco ondas de bombardeios foram realizadas, e o histórico sítio nuclear de Natanz foi o primeiro alvo.

"Ultrapassamos claramente um limite tanto pela magnitude da operação quanto pela natureza dos alvos, já que o programa nuclear especificamente nunca havia sido atingido antes", destaca Elie Tenenbaum, em entrevista à RFI.

"Muito se falou sobre isso, mas durante os ataques mútuos que ocorreram em abril e setembro do ano passado, Israel se absteve de atingir infraestruturas energéticas e relacionadas ao programa nuclear, provavelmente a pedido dos americanos, ainda na administração Biden naquela época. Agora, esse limite foi ultrapassado com a clara intenção de desarmar definitivamente o programa, já que a operação ainda está em curso", acrescenta Tenenbaum.

Superioridade aérea de Israel 

No sábado à noite, 14 de junho, Israel afirmou ter controle do espaço aéreo em todo o oeste do Irã, até Teerã.

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Além do ataque aéreo, acredita-se que Israel também tenha enviado tropas para realizar ações de sabotagem, especialmente com drones, contra os sistemas de defesa antiaérea iranianos.

A defesa antiaérea iraniana, composta por sistemas russos S-300, possivelmente foi neutralizada. Assim, a força aérea israelense pode atacar onde e quando quiser, segundo Elie Tenenbaum.

"A defesa antiaérea iraniana foi duramente testada nas duas operações anteriores, que envolveram disparos de mísseis balísticos e uso de drones contra esses sistemas S-300, fabricados na Rússia, que visam defender o território e vários sítios estratégicos", explica.

Caças F-35

"O Tsahal (Exército israelense) também conta com caças F-35, que possuem assinatura eletromagnética reduzida perante os radares de engajamento, permitindo que entrem nas áreas de disparo desses sistemas sem serem detectados. Houve também ataques para neutralizar as defesas aéreas inimigas, ou esse sistema já estava enfraquecido e não pôde ser restaurado. De qualquer forma, isso permitiu aos israelenses testar o sistema no passado, identificar falhas e, desta vez, agir com mais riscos, mobilizando uma grande quantidade de aeronaves", diz Tenenbaum.

Na sexta e no sábado, o Irã revidou lançando dezenas de mísseis balísticos contra Israel. A eficácia dessa resposta era crucial para a credibilidade militar e estratégica de Teerã.

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