Ameaçado por Trump: o que morte de líder supremo significaria para os conflitos no Oriente Médio?

A imprensa francesa analisa nesta quarta-feira (18) a declaração do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de que a morte do aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, poderia pôr fim ao conflito entre os dois países. No entanto, cresce o consenso de que o desfecho desse confronto dependerá, em última instância, do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Apesar de sua promessa de campanha de evitar novas guerras - compromisso valorizado por sua base eleitoral -, Donald Trump sabe que, diante de uma série de fracassos diplomáticos, uma vitória militar rápida no Oriente Médio poderia representar um ganho político significativo.
Em entrevista ao portal FranceInfo, o especialista Thierry Coville, pesquisador do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas (IRIS), considera essa hipótese simplista. Segundo ele, embora Khamenei concentre o poder político e religioso no Irã, sua morte criaria um vácuo perigoso, possivelmente ocupado por uma figura ainda mais radical.
Coville lembra que a hostilidade iraniana contra Israel é ideológica e histórica, anterior ao próprio Khamenei, e que o programa nuclear iraniano surgiu como resposta estratégica à guerra com o Iraque e à falta de apoio internacional.
Ajuste na retórica
Já o jornal Le Figaro destaca o papel decisivo dos Estados Unidos no desfecho do conflito. Segundo o editorial, Trump hesita em se envolver diretamente, mas pode ser tentado a usar armamentos pesados, como bombas antibunker, para atingir instalações nucleares subterrâneas iranianas.
O jornal observa que ele já endureceu sua retórica: "Aqueles que querem a paz não podem tê-la se o Irã possuir a arma nuclear"; é preciso "um fim real" para essa guerra - e isso também é "América em primeiro lugar".
Por fim, o editorialista Anthony Samrani, do jornal libanês L'Orient-Le Jour, alerta para os riscos de repetir erros do passado, como a intervenção americana no Iraque. Ele critica o uso desproporcional da força, que tende a gerar mais caos do que soluções.
Samrani questiona quem assumiria a transição em um Irã devastado, com 90 milhões de habitantes, 75 vezes maior que Israel e três vezes o tamanho do Iraque?", questiona o jornal L'Orient-Le Jour.
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