Israel pode ficar vulnerável? Estoque de míssil Arrow contra Irã está baixo

Desde que o Wall Street Journal publicou, nesta quarta-feira, que os estoques de mísseis Arrow (flecha, em português) de Israel estavam baixos, estrategistas militares e analistas internacionais passaram a se perguntar: o que o governo israelense está fazendo para repor seus estoques?

Segundo a reportagem, autoridades americanas já estavam cientes da situação há meses e vêm reforçando as defesas israelenses com sistemas em terra, no mar e no ar.

De acordo com o Ministério da Defesa de Israel, o sistema Arrow constitui a última linha de defesa contra mísseis balísticos de longo alcance —incluindo os hipersônicos iranianos, considerados uma ameaça estratégica direta ao território israelense.

Em outubro de 2024, o sistema foi amplamente acionado para conter o lançamento de aproximadamente 200 mísseis balísticos disparados pelo Irã, em represália aos ataques atribuídos a Israel contra líderes do Hezbollah no Líbano e do Hamas.

A preocupação com uma eventual escassez de mísseis israelenses é legítima, disse Agnès Levallois, presidente do Instituto de Pesquisa e Estudos do Mediterrâneo e do Oriente Médio, em entrevista ao portal FranceInfo.

Embora a vantagem militar seja amplamente favorável a Israel, o Irã ainda dispõe de um certo número de mísseis capazes de "fazer muito mal", disse a especialista.

Como funciona o Domo de Ferro israelense

Israel opera um sistema de defesa aérea altamente sofisticado, estruturado em três camadas complementares, cada uma projetada para lidar com diferentes tipos de ameaças, segundo documentos explicativos da IAI (Aerospace Industries), estatal fabricante de sistemas aeroespaciais e de defesa do país.

A primeira camada é composta pelo Domo de Ferro (Iron Dome), responsável por interceptar foguetes e mísseis de curto alcance que ameaçam áreas povoadas. Com uma taxa de sucesso estimada em 90%, o sistema calcula a trajetória dos projéteis e só dispara se houver risco real para zonas habitadas.

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A segunda camada é formada pela Funda de Davi (David's Sling), que cobre ameaças de médio alcance, como mísseis mais sofisticados e foguetes de maior potência.

Já a terceira e mais estratégica camada, de acordo com a IAI, é composta pelos sistemas Arrow 2 e Arrow 3, desenvolvidos para interceptar mísseis balísticos de longo alcance, inclusive com ogivas nucleares, químicas ou biológicas.

O Arrow 3, em especial, atua fora da atmosfera terrestre, a uma altura superior a 100 km, e é capaz de destruir mísseis hipersônicos com precisão.

Custo elevado

Cada míssil Arrow 3 custa cerca de US$ 3,5 a US$ 4 milhões, o que torna sua reposição um desafio logístico e financeiro.

Embora fabricado em Israel pela IAI, o sistema depende da cooperação tecnológica e industrial com os Estados Unidos, principalmente com a Boeing. Essa dependência, somada à alta demanda operacional, explica por que os estoques estão se esgotando rapidamente.

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Os Estados Unidos têm enviado reforços e avaliam como manter a capacidade defensiva de Israel sem comprometer seus próprios arsenais.

Em entrevista ao canal de TV France 5, o general Dominique Trinquand, especialista em relações internacionais e ex-chefe da missão militar francesa na ONU, disse que a situação atual levanta dúvidas sobre a sustentabilidade de longo prazo da defesa aérea israelense diante de um conflito prolongado com o Irã.

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